segunda-feira, junho 24, 2019

Segunda, 14.

Dia recolhido sem um pé fora deste espaço abençoado, fiz vida de monge franciscano que é a melhor e mais fascinante forma para terminar os meus dias. Ocupadíssimo. Regas, arranjos vários, leituras, um pouco (periclitante) de escrita, natação, oração. Todos os meus amigos mortos que aqui me acompanham na arte que admiro, na construção da casa, num livro ou tela oferecida, num postal vindo da viagem longínqua, da voz que ronda os espaços cheia do riso e da alegria que aqui ficou: Alexandre Ribeirinho, Fernando Fernandes, Augusto Tejo, Saramago, Alexandre Cabral, Amado, Roman, Safira, Teresa, Luís Serpa, Maria João, Ferofo, Michel Poix, Maria Caetano, Urbano T. Rodrigues, Fausto Boavida, Calhau, Jean-Paul, o velho Pedro, sem esquecer os laços familiares intermitentes para todos tive um pensamento, uma prece. Estou-lhes eternamente grato pela sua presença na forma simples de qualquer coisa que me lembra a sua passagem amiga por este domicílio que os acolhe não como um sarcófago, mas como lugar de convívio, alegria, gratidão e memória. A íntima impressão que tive, foi que hoje estivemos em festa e unidos na ternura e fraternidade que nunca morre. São eles que me protegem, sou eu que os relembro em rezas esparsas ao longo dos dias ou anos até ao nosso reencontro.