Domingo, 2.
Marcelo
é um tagarela de marca. Adora estar em permanência no palco mediático, diz n´en importe quoi de modo a não perder o
primeiro plano onde se sente rei da derradeira ideia, do profundo pensamento,
da visão antecipada da história. Desta vez, em inglês, afirma que a direita vai
ter que patinar durante anos para voltar ao domínio do poder, submersa como
está com o avanço do PS e “das esquerdas unidas”. Rui Rio que quase nunca
acerta uma, respondeu-lhe com a constatação mais evidente: “O que existe é um
regime, que está incapaz de responder à sociedade, que as pessoas não
acreditam.” E tem razão. É assim tal e qual. O sistema partidário baseado nos
interesses mesquinhos, de poder, de alianças bizarras, de joelhos perante
Bruxelas, com galos a cantar alto lá fora e piano cá dentro, corrupção, engenharias
financeiras, ladroagem de alta peúga, mentira, cinismo e hipocrisia, quadro que há muito os portugueses voltaram costas e cada nova ida às urnas irá
reafirmar essa realidade.
- Nem vale a pena contornar os factos.
Todos os dias, 365 dias do ano, dos anos para trás aos vindouros, a informação
debita nomes, montantes, estratégias, clãs, famílias políticas juntas, especialistas
em rapar o taxo do poder. Ainda agora, estão nomeados para os óscares do roubo
cruzado, um José Laranja Pontes, presidente do IPO do Porto, um tal Joaquim
Couto (não o meu amigo, felizmente), presidente da Câmara de Santo Tirso e a
mulher Manuela Couto, bem como Miguel Costa Gomes, presidente da Câmara de
Barcelos. Os crimes são sempre os mesmos: corrupção, tráfico de influência e
participação económica em negócio, fraudes em concursos e ajuste directo. Como
eu costumo dizer, os tribunais já só trabalham para este tipo de crimes. Os
outros típicos da tropa-fandanga do pequeno roubo por esticão, praticamente
foram abafados por criminosos que, apesar de estarem com os pés para cova,
ambicionam ainda milhares, que digo eu, milhões de milhões.
- Por estes dias, calor impiedoso. Os
termómetros tocaram os 39 graus centígrados. Cedo, rego o que posso, isto é,
hora e meia. Depois enfio-me na toca para sair pelas cinco da tarde para meia hora
de piscina e repouso absoluto. Desde que andei a serrar e a carregar a madeira
das amendoeiras, sofro de dores por vezes paralisantes do lado lombar direito. Espero
com a pomada e o crawl, paciência e
tempo, sarar por completo o músculo magoado.
- Acerca de futebol que nunca nos dá
um minuto de descanso. Há uns anos, na excitação serôdia da partida entre a
Áustria e Hungria, um deputado do Parlamento perguntou a Otto Habsburgo se tencionava
assistir à competição. Explicação do “filho de um santo” no dizer de Julien
Green, que viveu os derradeiros meses na Madeira e lá está enterrado: “Contra
quem?” Fabulosa e inteligente resposta.