quarta-feira, junho 05, 2019

Quarta, 5.

O que me destrói e não me acalma, é este pousio forçado da escrita. Entrei no quarto mês solitário e seco e nem a revisão de O Juiz Apostolatos merece o meu empenho. Estou liquidado, exangue, numa fossa. Ainda se aproveitasse esta confrangedora situação para avançar nos trabalhos do campo, mas nem isso consigo exaurido por dentro e fora de mim. Como assunto secreto que só a mim diz respeito, finjo vender felicidade quando me aproximo de amigos e concidadãos. Ao menos pudesse eu afirmar como tantos criadores: estou paralisado ante a página em branco! Mas nem isso, santo Deus! A página pode continuar alva e limpa, que isso não me obsede. Fixar o olhar no verde das serras e ir-me pelos carreiros da morte até ao fim dos fins – eis a ambição suprema, meta e destino.