quarta-feira, maio 24, 2023

Quarta, 24.

Fomos de abalada até à floresta de Montmorency que dista de Paris uma boa hora de viagem. É lá que se levanta um monumento interessante que já Charlemagne lhe faz referência. Trata-se de um pavilhão de caça, construído (ou reconstruído) no início do século XIII, mais tarde referenciado como pertencendo a Mathieu II de Montmorency, que chegou até hoje depois de passar por várias e numerosas peripécias e mãos, não escapando no início da Revolução como depósito de armas e sendo agora propriedade autárquica. Por ele e pelo seu majestoso parque, passaram Napoleão Bonaparte, Louis Bonaparte e a rainha Hortense, o seu filho Napoleão III. Mas também homens da cultura como Victor Hugo e Jean-Jacques Rousseau, filósofos, políticos. A particular obra arquitectónica, está cercada por uma vastíssima área florestada, com árvores centenárias, lagos, espaços verdes bem cuidados, onde apetece ficar deixando para trás tudo o que a França tem em horror e se igualha ao que outros países europeus possuem. Tomámos chá num pavilhão ali perto, olhando a paisagem, o dia que mais uma vez acordou tristonho, sem sol, depressivo. No regresso o inferno dos carros a passo de caracol, o dito progresso que as nações traduzem em felicidade, em desenvolvimento, incentivando a criação de seres abéculas, reis que atravessam ruas montados no seu troco de lata.  

         - Terminei o livro do professor espanhol sobre o fim do imperador Adriano. Tanto havia para dizer, tanto há para dizer. Reservarei para outra altura, até porque o livro não será guardado tão depressa. Ficará por perto para que eu releia os sublinhados, relembre Tivoli que visitei na companhia do Simão há um par de anos.