terça-feira, março 29, 2022

Terça, 29.

Augusto Santos Silva é hoje empossado Presidente da Assembleia da República. Numa entrevista (disfarçada) que deu a Bárbara Reis (Público de domingo), diz uma série de realidades sobre a sua pessoa e personalidade que julga o definem. Um amigo acha-o um político “à inglesa”, ele diz-se essencialmente professor universitário e, sobretudo, intelectual, o João recorda-me que Santos Silva pertenceu ao MRPP, eu ponho em causa a “liberdade” que ele diz ser o pavio por que se norteia. Mas diz mais. “Sou religioso? Sou. Mas católico não. Acredito em Deus? Acredito numa coisa (numa coisa!!!) que o Pessoa diz melhor do que ninguém (felizmente): `Deus é existirmos e isso não ser tudo.`” Mas tem um “santinho” que o acompanha: Maria de Lourdes Pintasilgo. Todavia, baralhando e tornando a dar, prossegue: “O cristianismo faz parte do espaço público e a dimensão religiosa é absolutamente essencial.” Para complicar ainda mais as nossas mentes: “As escolas não podem ter crucifixos; os padres e os bispos não podem participar em coisas (eu diria actos, mas o intelectual insiste nas “coisas”...) públicas; a Igreja e o Estado têm de estar completamente separadas; a religião é do foro exclusivamente individual: não acredito em nada disto.” Agora pasme-se: “Por isso acham que eu sou o chefe de fila da ala católica do PS.” Valerá a pena dissecar este naco de prosa de uma baralhação completa? Não. Apenas recordo a sua excelência que ele, como todos os filiados em partidos, não são de todo livres. E já agora as maiores felicidades para o cargo que, humildemente, espero não seja tão anódino como foram os que exerceu como ministro. O PS congratular-se-á porque adora águas paradas; eu que sou temperamental prefiro os homens frontais e combativos. 

         - Difícil, muito difícil, regressar à realidade quotidiana; instalar nos dias os ritmos da escrita; respirar a fragrância da Primavera; sentir o corpo subir do fundo da saudade aos alvores de cada dia renascido de esperança. Ou ficar só até ao fim dos tempos.