quinta-feira, março 17, 2022

Quinta, 17.

Quando a minha irmã deu entrada no Hospital de S. João, fizeram-lhe o teste ao SARS CoV2 que deu negativo. Daí a três dias novo teste que acusou positivo. Eu não tenho dúvidas que foi o vírus que apressou a sua partida, não obstante as complicações que a levaram lá. O que se seguiu foi sinistro. Morreu só (todos morremos sós), mas nós já não pudemos visitá-la e a urna foi selada e levada directamente do hospital para o crematório. Daí a dois dias, deram-nos uma pequena caixa com as suas cinzas. Ali estava o resumo de uma vida, com todos os sofrimentos, alegrias, paixões, lutas, suor, lágrimas, invejas, vaidades, ambições, ganâncias, sonhos sedimentada em pó que foi deitado no jardim da casa onde ela viveu. Somos aquilo. Tudo o que conquistámos, resume-se a um pequeno monte de cinza a lembrar as palavras de Deus a Adão: “Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de onde foste tirado, porque tu és pó e ao pó tornarás” (Génesis 3,19). O que fica de uma vida, não é aquilo que deixamos, mas aquilo que damos em amor, entusiasmo, força e solidária partilha. Aquela cinza será regada com as lágrimas da saudade e frutificará na nossa memória como tudo o que com ela partilhámos. 



         - Às vezes, da janela do primeiro andar da casa, no quarto onde está guardada uma parte da minha adolescência, olhando o jardim em baixo, dizia para mim mesmo para me confortar: “Morreste, és cinza como todos seremos um dia, mas não foste reduzida a pó pela loucura do terrorista que nos ameaça com armas nucleares.” 

         - Em 2014 foi decretado o embargo de armas à Rússia. Pois bem. O Público acaba de nos informar que tal exportação continuou até 2021. Entre os países que ganharam somas astronómicas, estão a França, Alemanha e imagine-se, até a Ucrânia! Dá para entender o mundo de hoje? A ceita de políticos que nos governam? A ganância dos milhões que tudo esconde? A ética e a moral que devia orientar as acções de quem manda? A natureza humana é uma criação que não bebe as suas origens na sagração, mas no deus dinheiro que a rege e dá poder e onde tudo é permitido - a morte como a luxúria.  Quanto a Macron, ainda um dia saberemos quanto ganhou ele com o negócio da governação. Ele é tirado a papel químico de Sarcosy.