quarta-feira, março 02, 2022

Quarta, 2.

Façamos como se... Hoje evitei ver os canais estrangeiros e o nacional (SIC) porque sinto que a depressão me ronda. Amiúde penso que não é a guerra em si, mas a injustiça, a prepotência, a mentira, a ambição, a crueldade que está na retaguarda e do algoz que lá longe mexe os cordelinhos e me revolta porque ataca não só os prédios que se reconstroem, mas as pessoas que nunca mais saberemos delas e aqui deixam subitamente alegrias e tristezas, sonhos e quimeras, banhando a terra de um infinito e inenarrável pranto... Ver a Europa como hoje a vejo, é antecipar o quadro de uma guerra generalizada como as duas outras no século passado que a deixaram exangue. Há muitas semelhanças na personalidade e objectivos de Putin com a loucura de Hitler. Eu lamento, nascido no pós última guerra, que a Europa da UE não tivesse actuado mais cedo, quando teve tempo e espaço para combinar estratégias que fizessem com o que assistimos não se realizasse. Quantos dias se aguentará a Ucrânia e o seu bravo Presidente? Talvez muito poucos. O que se lhe seguirá, é uma incógnita. Para mim as intenções do ditador não se vão ficar por ali – a ambição de avançar pela Europa dentro é uma realidade. Ele procura apenas uma brecha. 

         - A Rússia já está isolada, mas preparou-se para o pior. Foi bonito de ver na ONU os representantes de praticamente todos os países do mundo ali representados, abandonarem o hemiciclo quando o vitalício ministro dos Negócios Estrangeiros russo começou a falar; como foi importante o Parlamento Europeu votar em consenso a condenação da invasão da Ucrânia, perdão, com os votos contra de dois deputados do PCP e mais umas treze abstenções, num quadro de 637 deputados. Uma vergonha para Portugal onde de Norte a Sul o povo manifesta-se contra Putin e ajuda humanitariamente no que pode. Depois... bem depois há as meninas do BE que, a exemplo da estrema-direita francesa (Madame Le Pen) e do senhor Melenchon (não sei se comunista), começaram por enaltecer o ditador e, ante as vastas manifestações públicas e adorando o poder como gosto de livros, deram o dito por não dito e juntaram-se aos que gritam morte ao ditador. Pois é: os extremos, tocam-se e... entendem-se. Glória à Ucrânia!