sábado, março 06, 2021

Sábado, 6.

O dia de ontem foi perfeito, pleno. Fui a Lisboa no carro com uma estratégica acertada: deixar o cangalho no parque do Corte Inglês e fazer as muitas voltas pela cidade em táxi. Fui ao Centro de Saúde levar as radiografias ao joelho, observadas umas e outro pela médica de serviço assistida por uma estagiária acabada de se formar, ambas concluíram que a máquina está perfeita e a inflamação quase curada. Resta o Baker que deve abalar também por sua alta recreação; se assim não for, extraem-mo. Falei no anti-inflamatório do Tó que a médica experiente concordou e receitou. Acresce que devo ver um fisioterapeuta, circunstância que desde sempre me seduziu conhecer. Montei outro táxi para ir ao laboratório levantar a tac que fiz aos maxilares e rumar à Rua da Beneficência depositá-la na recepção do meu dentista. De seguida, de regresso ao Corte Inglês onde não fui a traído por nada e, já ao volante do automóvel, disparei para o Vitta Roma a comprar o almoço e a correr a velocidade moderada para casa. Moderada? Sim. Havia na atmosfera um retardamento do inverno rigoroso, com salpicos de chuva, o Tejo manchado de escuro, e toda a sombra da nostalgia que me embriaga, cercando-me. Pena não ter música no carro há mais de dois anos, simplesmente porque não sei como aquela porcaria funciona. Perdeu-se esse prazer quando o carro esteve sem bateria. Agora canto eu através da paisagem que me acolhe com reconhecimento da escolha que fiz deixando a cidade onde nasci para mergulhar no campo onde tudo se harmoniza com a minha maneira de ser. Há uma Lisboa a norte do rio; outra a sul no deserto que o outro inventou enquanto político desgraçado que nem o povo e o país conhece.  Adoptei esse “deserto”, qual Lawrence de Arrábida em busca de sensações fortes que se escondem nos interstícios proibidos do meu corpo. Não lanço olhares melados aos rapazinhos que por aqui vivem como a conhecida personagem de D. H. Lawrence; mas invento para mim uma multitude de sensações que cobre o universo complexo de cada um de nós. Ao portão fui recebido pelo pastor que arreia as calças neste lugar (tornou a fazê-lo ontem aqui dentro da quinta) e uma centena de ovelhas. Aberta a cancela, elas entraram, esbaforidas, e nem o seu guia nem o cão que o acompanhava, puderam evitar a invasão desordenada. Num ápice a terra virou um campo de futebol que nem os milhões do Ronaldo que o Herman inveja, dariam para que eu o autorizasse a fazer os seus tradicionais malabarismo com a bola neste tapete viçoso.  

O pastor está de vermelho vestido, o gado vai sair. (toque na foto) 


         - Para que não digam que estou sempre do contra, afirmação bem portuguesa onde todos estão de acordo com todos, aqui vão algumas afirmações que assino de cruz: 

“Nem André Ventura nem Mamadou Ba (que eu não sei quem é, mas gosto do nome) representam aquilo que é o sentimento generalizado do país. Felizmente.” António Costa dixit. 

“Esta crise (referia-se à pandemia) foi o maior atestado de falhanço das visões neoliberais.” António Costa. 

“O PS é muito permeável ao poder económico.” Catarina Martins.  

         - Excelente o Público Especial 31º Aniversário, sob a batuta, e que batuta!, de Manuel Sobrinho Simões um médico como antigamente, sem nada a ver com muitos dos seus colegas de hoje, que nem olham ou falam com o doente, perguntado ao computador que pensa ele do estafermo que está na sua frente.