quarta-feira, março 03, 2021

Quarta, 3.

Pelo que vi ontem em Lisboa e pelo que ouço aos políticos, temos o caldo entornado não tarda. Todos com as suas razões e interesses, reclamam a abertura da vida tal qual a levávamos antes da chegada do coronavírus. Falam dos queridos meninos e meninas que estão em stresse, coitadinhos, da economia que definha, dos estudantes doidinhos por voltar à escola e de outras fantasias que não pode haver tantas. Uma coisa é certa: não tarda a tragédia voltará com mais mortes e sofrimento. E de nada servirá a António Costa e a Marcelo de Sousa penitenciarem-se com a desgraça do Natal e fim de ano - os mortos estão mortos e os infectados têm ainda um longo calvário de mais de um ano para se recompor. Costa fala agora em civismo como se este povo soubesse o que isso é; devia começar por lhe explicar o que quer dizer esse chavão. A asneira que a loucura da ambição pelo poder os levara, assim como a todos os deputados. a praticar está em linha com o que se exercita nesta democracia onde ninguém é culpado de coisa nenhuma, ninguém é despedido, todos estendem uma larga capa protectora de onde em onde emergem em candura e inocência. Na realidade, se fôssemos um povo decente, devíamos estar de joelhos a agradecer a Deus ter-nos dado políticos tão honestos, desinteressados, competentes, que em quase 50 anos de democracia transformaram Portugal num país sem pobreza, culto, solidário, equilibrado, com Justiça a chegar a toda a gente e saúde também, e onde todos os outros habitantes da Terra fariam fila para aqui habitar. Assim sendo, francamente, não somos dignos desta classe política abençoada pela inteligência e dignidade e lisura que as suas raízes nobres lhe outorgaram – simplesmente não a merecemos.