quarta-feira, março 17, 2021

Quarta, 17.

Um pequeno acréscimo ao que ontem reflecti a propósito dos queridos trabalhadores. Basta estarmos atentos e pensarmos um pouco pela nossa cabeça para nos percebermos do jogo jogado entre sindicados e partidos. Tomemos o exemplo da “geringonça”. Eu não conheço nada de verdadeiramente concreto tenha acontecido no país e aos trabalhadores à parte uma certa paz social e disciplina imposta no sentido de acabar com manifestações, greves e paralisações laborais, vindo da aliança entre comunistas e socialistas. O PCP através da Intersindical, manietou os trabalhadores, surripiou-lhes as reivindicações, utilizou-os como provisão para as suas ambições, interesses e manobras. Para que o sonho persista, os sindicalistas e o PCP saem a terreiro reivindicando sempre a mesma coisa: salários mais altos. Quem é que não quer ganhar sempre mais? Comunistas ou filiados no Chega, pretendem auferir bons salários. Essa arma serve aos demagogos de todas as latitudes partidárias. E quando dizem que Costa aumentou salários, esquecem-se que ele limitou-se a restituir aquilo que o anterior governo pegou por tempo limitado, o dinheiro não era do Estado. Se Passos Coelho continuasse a governar, tê-lo-ia retornado a cada um e a todos. Portanto, a paz social foi simplesmente a manobra que o PCP utilizou contra a inocência dos trabalhadores e a seu próprio proveito. Cativo dos comunistas, António Costa, querendo manter-se no poder, rendeu-se e tendo ou não capacidade para aturar todas as reivindicações, vai aguentando como pode. E pode cada vez menos. 

         - Ontem, João Miguel Tavares, escrevia um artigo como sempre aquentado sobre o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Já aqui disse que gosto duma maneira geral do articulista.  O benjamim de Costa a mim nunca me enganou. Tem a mesma escola do seu mestre e, sob aquele ar angélico e remansoso, utilizando a propaganda no máximo que lhe permite o posto, não desdenha de aparentar uma coisa sendo absolutamente o seu contrário. Ele aprendeu com os professores socialistas, que é na televisão que os altos cargos oficiais se alcançam. É nessas redes de maldizer, servindo-se da ignorância popular, que tende a aceitar o derradeiro senhor que aparece nos ecrãs, que ele debate os desastres dos outros esquecendo-se da sua total incapacidade técnica e profissional. Lisboa está parada há mais de cinco anos, está moribunda, os velhos foram dela corridos, as rendas subiram para valores superiores aos de Madrid ou Paris, uma parte da capital está nas mãos de redes sem nome que compram e vendem os imóveis a preço tão alto que poucos ou nenhuns portugueses conseguem pagar. Ao seu comando, os lisboetas foram corridos, os pobres acumulam-se debaixo das pontes e alpendres, o cidadão normal que tem trabalho dorme na rua porque o que ganha não chega sequer para pagar um quarto. A anarquia comercial instalou-se, o centro está um enorme fantasma que apela ao passado, as pessoas parecem zumbis, o humanismo foi varrido das suas ruas com história. O homem vive num mundo irreal com acólitos pagos de acordo com a serventia. Com o tempo refinou na intriga e corre os seus adversários à vassourada abrindo caminho para voos mais altos. É frouxo, mediano, propagandista, não fez nada por Lisboa, mas tem a confiança do seu patrão que ambiciona dar-lhe um dia no seu posto.