quinta-feira, março 04, 2021

Quinta, 4.

Vinte anos após a tragédia da queda da ponte de Entre-os-Rios, o Governo capitaneado pelo Presidente da República, está a comemorar o funesto acontecimento sob o eufemismo de recordar os que desapareceram. E foram ao todo 59 pessoas e destas ainda não apareceram 23. De facto, esta maneira de chefiar à socialista (eles estavam no poder na altura), é sem vergonha nenhuma. Em vez de se penitenciarem pela falta de fiscalização às infra-estruturas estatais, sacodem a água do capote com a misericórdia piegas de lembrar os que o rio levou. É ludibriar as pessoas e a memória dos falecidos! Então o ministro responsável demitiu-se e daí a tempos estava a administrar o reduto socialista da Mota e Engil. Não houve culpados, nunca há culpados neste desgraçado e triste país.  

         - Claro que apoio todo o tipo de revolta. Desfilo ao lado daqueles que em Madrid e por toda a Espanha gritam contra a monarquia corrupta e arrogante e defendem a República com a prisão. Refiro-me às ininterruptas manifestações de suporte ao rapper Pablo Hasél. Em favor das suas justas revoltas, está o facto de o rei de Espanha ter recebido na sua residência de luxo, em Abu Dhabi, as duas filhas. Estas deslocaram-se ao país mais corrupto do mundo, como outros o estão a fazer de resto, para serem vacinadas contra o SARS-CoV2. Aliás, esperta e ditatorial como é a monarquia lá, logo criou um turismo para ricos que desembarcam na capital, vacinam-se e partem no avião seguinte. Os pobres, os deficientes, os que têm doenças graves, os velhos ficam para trás. Entre nós, miseráveis como somos, basta alguém ir carpir para qualquer canal televisivo, para conseguir tudo o que o Governo devia dar por direito e boa governação. 

         - Um festival da natureza acontece no momento em que escrevo estas linhas. Chuva forte, vento e trovões varrem o espaço onde de manhã havia suavidade e beleza e as mulheres de Zuckerberg, de Facebook debaixo da língua, discutiam a vida maravilhosa dos seus relacionamentos virtuais. Terminei as 400 páginas de Ordesa que li nuns escassos dias. A ele tornarei para algumas palavras. Faz frio. Não posso ir lá fora buscar lenha e é uma pena voltar a sujar a lareira que a Piedade esta manhã deixou num brinco. Confinados, limito-me a registar com quem falei: Robert (foi hoje vacinado), Annie, António, Carlos Soares. São 16 horas e 4 minutos.