quarta-feira, agosto 13, 2025

Quarta, 13.

A China, bem vistas as coisas, não acrescenta nada com os seus robôs humanoides ao que os judeus, em 1850, criaram com o seu Golem. O impulsionador da figura nocturna, foi  o rabi Löw, que viveu em Praga por volta da mesma época. Quando cheguei a Praga, logo me dirigi à zona judaica – cemitério, antiga sinagoga, sinagoga de Pinchas e câmara israelita – uma vasta zona por onde deambulei várias horas e onde deixei numa incrustação mural no antigo cemitério, um papel com duas palavras magoadas pelo sofrimento e morte causados pelo Holocausto. Este Golem talvez tenha origem no Talmude e daí alguns rabinos próximos de Deus terem essa capacidade de criar uma tal figura em grande parte justiceira. O Golem do ilustre rabi Low ou Loew, era uma figura como qualquer outra, com um único senão que mais tarde veio a ser reconhecido como conveniente: não falava (aqui os chineses ganham aos pontos). Praga borbulhava de judeus, as cenas tidas por indecentes, nomeadamente, as sexuais obrigaram o rabi a tomar medidas severas. Um dia ele diz ao Golem:“Sabe que nós te fizemos com um pouco de terra. O teu dever é proteger os judeus de persecução. Tu te chamarás José e habitarás no Rabinato. Tu, José, cumprirás as minhas ordens. Irás aonde te ordenar, seja qual for o lugar e o instante, no fogo ou na água, mesmo que te diga para saltares do telhado ou entrares no mais profundo oceano.” A comparação com os humanoides chineses, talvez não seja de todo descabida. 

         - Não sei que diga. Uma mulher com problemas num rim, acaba de dar à luz na... rua! Falou para o Saúde 24 e foi aconselhada a meter-se no seu carro e ir ao hospital mais próximo. Esta gravidade e descrença na ministra e no SNS, calha bem às oposições que se estão nas tintas para a parturiente. Tantas cenas canalhas aconteceram no governo do que vive feliz em Bruxelas, mas a memória colectiva é fortemente combatida de modo a que só o presente interesse. Dito isto, o estado a que o SNS chegou, não é só culpa deste executivo ou do anterior, é um trabalho paciente de descrédito dos sindicatos, associações, partidos e interesses particulares do sector da saúde. Este e as companhias seguradoras, riem-se felizes. 

         - Aquela lei idiota que o homem de Bruxelas criou chamada auto-declaração por doença, permitiu ao trabalhador abusar a um ponto que hoje, patrões e médicos, pedem a este Governo que a altere. No que se vê, é que os doentes só tinham doença aos fins-de-semanas e pontes. Como é que um dito socialista, com largo tempo em cargos públicos, inclusive autarquias, desconhece deste modo o povo português! Os patrões foram prejudicados com uma lei que não conhece a realidade e, à boa maneira socialista, obrigados a pagar a quem não trabalha. A verdade é esta: somos um país de irresponsáveis. 

         - Muito calor. Só se pode pôr a cabeça de fora, depois das cinco.