segunda-feira, julho 07, 2025

Segunda, 7. 

A grande notícia do dia é o começo do julgamento do marquês ex-primeiro ministro de Portugal José Sócrates. Desde aquele dia em que eu tinha embarcado em Paris de regresso ao meu país e Sócrates fora preso à chegada a Lisboa, que os portugueses têm os olhos esbugalhados na personagem kafkiana socialista que lhes saiu na rifa da Farinha Amparo. Eu que, portanto, sempre descri da criatura, engenheiro de diploma tirado ao domingo, assisto de boca aberta ao desfile da vida de luxo do socialista, e aos milhões de milhões que a sustentavam. O ritmo louco em que caíam na sua conta e noutras radicadas em países estrangeiros e offshores, é de trazer a cabeça à roda a qualquer cidadão. O Correio da Manhã, ontem, na primeira página, anunciava “que dos 34 milhões acumulados por José Sócrates numa conta bancária titulada pelo amigo Carlos Santos Silva, 29 tiveram origem no Grupo Espírito Santo (GES), liderado por Ricardo Salgado. As primeiras transferências, de acordo com os registos bancários, remontam a 2006 e 2007 (nove milhões de euros) para uma conta, na Suíça, em nome de José Paulo Pinto de Sousa, primo do antigo primeiro-ministro, uma das principais personagens do caso Freeport.” Ante todas as evidências de crime, Sócrates insiste que o julgamento não passa de uma fraude e acusa juízes, Ministério Público, jornalistas de complot, de estarem associados para destruir a sua imagem de político impoluto, que honrou Portugal e o socialismo. O homem tem lata e dinheiro a rodos para contratar o advogado belga, Cristophe Marchand, para o defender das “campanhas mediáticas” e dos “lapsos de escrita”, montados pelos diversos juízes que se ocuparam dos processos.  Recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para se queixar e dizer que é totalmente inocente, sem explicar de onde vêm os magotes de milhões de notas, dizendo-se pobre e sem recursos pessoais. Para isso, na véspera do julgamento, em Bruxelas, deu uma conferência de imprensa (pena tenha sido em português, pois gostaria de ver os avanços conseguidos nos estudos da língua de Molière, durante os dois anos que passou em Paris no apartamento de luxo que vimos na reportagem da SIC  onde reconheci o prédio da minha amiga Françoise, no 16º arrondissement). Espero que a sentença o decrete culpado, com os costados para o resto da vida no luxo das cadeias portuguesas. 

         - Não, não caros leitores. Nada de cuidado me aconteceu, apenas tive um empanque tecnológico na sequência da criação de e-mails com a ajuda do Carlos, que se revelaram aos olhos e saber dos técnicos da Macintosh, a razão deste interregno. Retomemos, portanto, hoje o nosso convívio.