sábado, julho 12, 2025

Sábado, 12.

Ainda penso no técnico que veio observar a piscina anteontem. É um homem alto, de uns trinta e tal anos, forte sem ser gordo, encorpado, com várias tatuagens no corpo, um olhar meigo e atento, uma voz cordial e humana. Chegou montado num Dacia branco, espécie de jipe, impecável de limpeza; desceu discreto e voltou ao interior do veiculo para me deixar babaca a vê-lo partir. Voltei à cabine das máquinas e observei que ele antes de ir deixou tudo impecável de limpeza e até a luz desligou. E tudo isto sem levar um tostão! Curiosamente (ou talvez não) Zacarias é o seu nome... 

         -  O dia pareceu dormir, fatigado das longas semanas de calor abrasador. O sol não desceu das alturas senão à meia tarde, a luz ténue pairou baixa sobre a terra crestada, o silêncio impôs-se sobrepujante à mudez das horas incertas. Quando cheguei à terra dos pequenos agricultores pelas sete, encontrei-a fechada – só tinha autorização para abrir às sete horas e vinte minutos, como se aquele imenso espaço sob árvores e toldos, fosse as instalações de um banco sem direito a tirar o ticket de chegada. Ridículos destes inundam o nosso sistema público e caracterizam a pequenez dos nossos autarcas – são fortes com os fracos, desfibram o riso e instalam a revolta. 

         - As ideologias dos extremos tocam-se e dançam o vira e estão sempre dispostas a dançar. Como no caso da privatização da TAP. Chega e esquerdas votaram em sintonia contra parte da privatização da “nossa bandeira”. Perdemos 3 mil milhões ainda recentemente nela e mais de mil empregados postos no desemprego pelo socialista Pedro Nuno Santos, mas isso dos dinheiros não são ganhados por eles e, portanto, não têm valor nenhum. Eu, pessoalmente, não entendo esta obrigação de um país ter a sua companhia aérea. Com isto, ganham as ideologias bacocas, ganham os sindicados e naturalmente os partidos, porque se sentem fortes, com a palmatória em riste, pronta a despachar reguadas a quem fugir dos ensinamentos marxistas-leninistas da economia estatizada. Não conheço nenhuma empresa do Estado que funcione bem, tenha equilíbrio, poucas greves ou nenhumas, satisfaça plenamente os portugueses, tenha respeito por eles e os trate a todos por igual. Já aqui disse e volto à carga: a “bandeira de Portugal” deverá ser a limpeza da pobreza, a dignidade dos dois milhões e meio de pobres, reformas e salários condignos, cultura e saúde, apoio aos velhos, vida e morte tranquilas. Tudo isto era possível se não houvesse tanta corrupção, milhões gastos sem controlo, empreendimentos feitos para durar poucos anos e às vezes meses. 

         - Hoje estiveram aí a manhã inteira o Nilton e o Johnson. Começaram e terminaram a montagem do toldo comigo a dar assistência aos dois. Estou esfalfado., mas conseguiu-se realizar um projecto que se vinha arrastando desde a nossa ida a Badajoz. Não sei se gosto do resultado. Talvez tenha de me habituar ao efeito de ver aquela grande tela exposta sobre a mesa e cadeiras no pátio.