Sábado, 19.
Ninguém faz frente a Netanyahu. Ao bombardear de novo Damasco, atingiu a única igreja católica, destruindo-a e ferindo entre outros cristãos, o pároco. Depois, cínico, veio pedir desculpas porque se enganou no alvo.
- “Donald Trump não tem uma visão estratégica sobre a posição dos EUA no mundo”, disse outro dia Stephen Wertheim, historiador da política externa dos Estados Unidos. Ele governa como senhor absoluto do mundo, tergiversando à tona dos acontecimentos, como uma bússola encravada.
- A esquerda anda a carpir por tudo quanto é sítio sobre o destino daqueles que fizeram entrar no país para serem mártires das suas ideologias. Agora segue-se a Amadora onde parece que os autarcas deixaram crescer bairros da lata nas periferias da cidade. Por todo o lado, os infelizes sem eira nem beira, foram deixados ao abandono, como pau para toda a colher, explorados por empresários desonestos, sugados até ao tutano ao ponto de se transformarem em escravos da Era Moderna. Alguns destes escravos, espertos ou no limite da salvação, atiram com os filhos para a primeira fila dos suplicados. O português choroso comove-se e é esse o trabalho das esquerdas, fazê-lo chorar; enquanto o da direita é escorraçá-los.
- Ontem o João reuniu na Brasserie de l´Entrecôte, ao Chiado, os amigos. A Marília tinha feito 91 anos e ele, generoso, fez questão de os festejar connosco. O ágape decorreu como (não) se previa, comigo a dada altura a estranhar a ausência da sua única obsessão – a política. Quando terminámos as sobremesas e o café foi servido, ei-lo que abre os braços como os padres nos púlpitos, e inicia: “O que me dizem àquela do Chega...” Dali passou para o mundo do neorrealismo político no qual se inclui a pintura e a literatura eternizadas no museu caro aos comunistas em Vila Franca de Xira. Entornou-se o caldo de imediato, comigo a contestar o valor da pintura dos camaradas, dos livros simplórios, falando dos coitadinhos dos trabalhadores, dos agricultores e de todas essas vítimas da hipocrisia da esquerda chique do Bairro de Alvalade. O pintor António Carmo que foi do partido e, inclusive, operário de montar stands e faixas na festa anual do Avante, autor de uma pintura a que eu não dou nenhum valor (salvo o desenho), associou-se com ele e os dois bombardearam-me até dizer chega. Mais uma vez saí incomodado de uma reunião que se queria fraterna e redondeou num final infeliz. Helder, diz-me uma coisa, quando é que tomas juízo!