quinta-feira, julho 17, 2025

Quinta, 17.

Nada me impede de exercer a liberdade de análise e de pensar. É por isso que não estou nem nunca estive filiado em nenhum partido. Não necessito de tachos, cunhas, arredondamentos salariais ou vencimentos e reformas principescos de deputados (metade destes, ao longo da legislatura, nunca abriram a boca). Por isso, estou disponível para apoiar nas suas acções o autarca socialista de Loures. Estou inteiramente com ele quando, de uma forma desinibida, consciente e politicamente correcta, mandou destruir as barracas que se foram levantando à sua porta depois de muito labutar pela legalidade, a higiene e a dignidade daqueles que as ergueram. Tudo o que as esquerdas dizem, incluindo o seu próprio partido, não passa de hipocrisia e propaganda panfletária. Na origem, mais uma vez, está António Costa e o seu querido programa “manifestação de interesse”.

         - Ontem, desde que cheguei de Lisboa, passei uma parte da tarde a ouvir o autêntico plano de austeridade de François Bayrou: congelação de gastos do Estado, um “ano branco” para pensionistas e funcionários públicos sem aumentos salariais e reformas, venda de imóveis do Estado, corte a eito na despesa pública, nos feriados nacionais, tudo para economizar 43,8 mil milhões no próximo orçamento francês, de forma a combater a dívida pública que já vai em mais de 3,3 mil milhões de euros. O primeiro-ministro foi claro: “Impõe-se como primeira regra não gastar nem mais um euro em 2026 do que em 2025.” Como irão reagir os franceses um povo difícil de governar, mais a mais sem maioria na Assembleia? Mistério. E todavia, na origem não está somente a dívida, está no investimento a fazer na segurança face à cada vez mais evidente ameaça de Putin e ao abandono cómodo e protector dos EUA. 

         - Portugal que se cuide. Os comunistas e todos os seus parceiros, falam que não querem a guerra, que não aceitam o desinvestimento na saúde, na educação e na vida tout court. Falam, mas nada dizem da invasão da Ucrânia pelos camaradas capitalistas-comunistas. Eu há algum tempo que venho aconselhando os amigos a preparem-se para o pior, economizando, pondo de parte o que puderem, fazendo uma vida regrada. O mundo tal como está, vem sendo ensaiado nas suas múltiplas acções bélicas, testado e programado para uma terceira guerra mundial. Esta, à sua escala, multiplica-se já. Ontem o ditador Netanyahu bombardeou a Síria. Os criminosos mundiais – Netanyahu, Trump, Putin, o dono da Coreia do Norte, o distanciamento táctico da China – entre si estudam o destino da Europa e do Médio Oriente. Se não pensarmos nisto e sermos levados pela irresponsabilidade dos políticos medíocres que nos governam, cedendo fraquezas e temores, não percebemos que na guerra não há metade do que os países têm e oferecem aos seus concidadãos em tempo de paz. Na guerra há miséria e sangue e morte e destruição. 

          - A fortuna dos donos dos supermercados que atribuem às guerras e às loucuras de Trump são o paraíso que lhes permite enriquecer à conta do brutal aumento dos produtos indispensáveis à nutrição humana, mede-se pelo bacalhau: o ano passado estava a 8-12 euros o quilo, ontem comprei-o a 17 euros. As guerras, pelos vistos, favorecem os escravos do dinheiro. 

         - Continuo assoberbado de trabalho. São muitas coisas da vida prática que se acumulam e só eu as tenho de realizar, posto que as sombras não passam de figuras escuras e passageiras, sem poder nem presença física, assombrações que não param quietas. Ontem, quando entrei ao portão, encontrei-o aberto. Logo percebi que só o Nilton poderia ter franqueado a entrada. E, com efeito, fui dar com ele a consertar um dos blocos que sustêm os skymers. É um homem admirável que tudo faz para me facilitar a vida.