sexta-feira, abril 12, 2024

Sexta, 12.

De sua excelência o professor Marcelo, devemos esperar tudo e até o inimaginável. Uma tal personalidade inscreve-se no delírio trolaró de onde é possível o melhor como o pior. Assim, aquela de condecorar há um ano em completo segredo Spínola e Costa Gomes assim como os restantes membros do MFA, é disso exemplo. Entendeu-se às mil maravilhas com António Costa, gostaria, inclusivamente, que ele ficasse no poder, foi cúmplice do desastre nacional da governação socialista, e já se prepara para fazer a folha a Luís Montenegro. Os últimos oito anos de catástrofe e paralisia nacional, têm também a sua assinatura. 

         - A nossa queridíssima UE, ao fim de dez anos de amargura e abandono dos migrantes que aportam às suas fronteiras, e depois de mais de três anos a preparar o Pacto para as Migrações e Asilo, aprovado esta semana no hemiciclo de Bruxelas, que li por alto e me pareceu um documento susceptível de todas as interpretações e decisões, quero dizer, com cada país a fazer o que melhor lhe interesse, não me parece que tenha sido pensado para as pessoas que se acoitam entre nós. A esquerda fala muito nos imigrantes, coitadinhos, bandeira das bandeiras que agitam na inconsciência dos seus ideais, naquela que entrem os infelizes da sorte, os que fogem ao terror das guerras, os perseguidos das ditaduras, que venham morrer aqui de fome, de frio, humilhados e desamparados em sacos-cama na gare da Expo, na Praça da Figueira, no Intendente e em outras cidades e lugares sombrios de fim de vida. Uma esquerda assim, é inconsciente, amparada em ideologias idiotas, longe das realidades que a ultrapassam. O que lhes importa é o ideal político-partidário em que vivem e não a sua aplicação nos seres humanos enquanto ressurreição plena da dignidade. 

         - De Putin também podemos esperar tudo e tudo do mais criminoso, selvagem, inumano. O Parlamento Europeu é, como se sabe, um covil de corrupção. Pois agora, sabendo disso, o nazi russo pagou a alguns eurodeputados para propagandearem a sua filosofia de guerra e escravidão do povo naquele reino das nações. Não foi só um, nem dois, nem três que aceitaram o dinheiro porco do ditador. Esta gente, que só vê cifrões, não lhes interessa a honra de nos representar, mas o proveito que tiram disso. Que não é desprezível. Um eurodeputado pobretanas português, ao fim do mandato, regressa ao seu país com um milhão e duzentos mil euros! Poça, é obra! Quem me dera ser um alienado PSD, PS, Livre, Chega ou PCP, entregue à dificílima, oh! quão difícil, causa de servir a Nação e os sacrifícios que eles, coitados, carregam com tais cargos... Aquilo são almoços, viagens, hotéis, representações oficiais, idas e vindas, num desassossego que não é para qualquer um... 

         - Andei arredado da escrita para recompor a minha cabeça. Reparo que quando não escrevo passo bem, muito bem mesmo. A tensão desce para os 12, 13 – 6,7. Gostava de entender isto. Já procurei o Tó que é o único médico em quem confio, mas das duas vezes não o apanhei. Já pus o problema à médica substituta da minha boa doutora Vera Martins, mas não obtive mais que um sorriso. Eu sempre me curei com palavras, com o conhecimento dos meus males, e um médico que não dialoga comigo, por muitos medicamentos que me receite, nunca me curará. 

         - Escrevo estas linhas sem esforço de maior na Brasileira. Estou quase só, este espaço abandonado pelos turistas que normalmente o invadem. Talvez por isso, tenho o carinho dos empregados, rapazes e raparigas, que me bajulam de ternura e atenção, sorrisos e amabilidades. Lá fora está um dia lindo de morrer. Temos o Verão antecipado pespegado nas ruas, nos rostos dos transeuntes, nas fachadas dos prédios, descendo dos fios dos ramos das árvores. Há luz intensa por todo o lado; esta imiscui-se por entre os espaços e as sombras que bruxuleiam tornam os rostos humanos um écran de animação salutar. (Vou parar. Começo a sentir o delírio a tomar o meu cérebro).