quarta-feira, abril 03, 2024

Quarta, 3.

Fui almoçar a casa da tia Júlia. Antes, passando na Moita, pus a emoldurar um trabalho do Luís da Safira que tinha caído da parede onde um fio o sustinha. Como sabia o dia perdido para o romance, ocorreu-me pôr-me a caminho com tempo suficiente de modo a parar num café para duas horas de trabalho. Assim aconteceu. Não sei se com solidez suficiente para ficar o que saiu, mas agradado por poder cumprir o meu dever diário. Encontrei a tia muito diminuída, baralhada de cabeça, e quis saber o que tinha acontecido. Resumindo: uma queda a caminho da missa de domingo, socorrida por duas mulheres que iam a passar e levaram-na até à igreja onde ela teve um comportamento parecido com alguém bêbado. Pior: ela não se lembrava de nada, da queda como da missa, embora tivesse várias escoriações no braço e nariz e em casa durante o almoço esquecia-se de tudo. Achei que devia ir ao hospital e telefonei para a Saúde 24 24 e logo os técnicos concordaram comigo. Fui levá-la ao hospital depois de me certificar que tudo estava nos conformes. Logo telefonarei a saber como está. E lembrar-me eu que ela tem um filho casado, dois netos e o Nuno no Porto. É isto hoje a vida, esta desumanização, este desvinco familiar, os amigos mais importantes que a família. 

         - O mau tempo assola a Europa. Nós, hoje, tivemos um dia sofrível, bonito, mas Itália e França foram devastadas por chuvas torrenciais que causaram cheias e cidades e vilas isoladas. Os prejuízos são imensos. 

         - Na cândida Finlândia, um miúdo de doze anos, matou a tiro uns quantos colegas de escola e feriu outros mais. A arma parece que foi roubada ao pai. Dois quilómetros depois da fuga, entregou-se à policia sem obstáculos. Assim vai o mundo. 

         - Por cá o Governo de Luís Montenegro foi empossado. Logo a oposição começou a correr com ele. O Vasco Gonçalves, o historiador do Livre, a viúva do BE faltaram à cerimónia sem justificação. Por outro lado, António Costa é só charme atirado às postas sobre Montenegro. Que poderá o primeiro-ministro conceder ao seu antecessor? O nome para um cargo em Bruxelas, um título qualquer, uma benesse?