domingo, abril 14, 2024

Domingo, 14.

A guerra no Médio Oriente é já a tragédia que incendia o mundo. A noite passada, em resposta à ofensiva de Telavive (melhor dizendo de Netanyahu) sobre o Irão há três semanas, este respondeu com uma chusma de mais de 300 drones e mísseis conta o Israel. As defensivas do país conseguiram destruir 99% do que chegou por ar sobrevoando vários países. O que se segue ninguém sabe. Tudo está dependente mais uma vez dos EUA que são quem alimenta a fúria do primeiro-ministro israelita. 

         - Neste pobre e inofensivo país reina a confusão, o ódio, a ganância que todos dão pelo nome de democracia. Depois da parlapatice da primeira decisão do governo de Luís Montenegro, surgiu agora a segunda com o engodo chamado ”choque fiscal”. Servindo-se do programa do PS, o primeiro-ministro juntou mais uns pozinhos e propagou que esta era a maior baixa no IRS. Resumindo: disse que a descida do dito cujo iria ser de 1.500 milhões quando na realidade é penas de 170 milhões. A diferença deu-nos Fernando Medina. O primeiro a topar a aldrabice, foi o tipo do rabinho liberal em quem eu votei. Os outros, toda a esquerda, com Vasco Gonçalves à cabeça, não passam de aves assanhadas sem valimento nenhum. 

         - Ontem, sob um céu claro, fui a Caldas da Rainha almoçar com a Alice. Que dia bem passado! Como é nosso hábito, encontrámo-nos no café Central para uma bica à maneira. De seguida, percorremos o mercado muito animado por ser sábado e o dia convidar. Por lá me perdi a abastecer-me disto e daquilo, sob a animação dos feirantes e o riso permanente da minha amiga. Dali fomos fazer uma parte da rua principal, engalada pobremente por andorinhas. Uma compra aqui, outra ali e upa que se faz tarde. Nos três ou quatro hectares de jardim, com a bela casa ao centro, heroicamente frágil como Alice a construiu, percorremos uma parte do parque. Fazia muito calor e depois do almoço ficámos ronceiramente à conversa no salão. Eu devo ter falado três horas seguidas, intervaladas com as gargalhadas da minha boa amiga. Ao fim da tarde, fizemos o longo percurso pelo jardim, parando para que a Alice me dissesse (na versão latina) os nomes das flores e árvores. Por ser Primavera tudo floria, as cores das rosas misturavam-se com as dos lírios, as alfazemas, os acantos, numa infinidade variada que perfumava o ar de odores silvestres. Um imenso tapete verde acompanha os nossos passos, onde recantos convidam ao repouso e à leitura atenta de um livro ou simplesmente a placidez que vasculha o cérebro e o abastece do puro oxigénio. Com um saco carregado, regressei à confusão. O Fertagus, pelas oito da noite, com poucas carruagens e uma multidão de viajantes, parou em Sete Rios. As pessoas entraram de empurrão; eu fiz três tentativas e só à terceira um casal jovem me pegou pelo braço puxando-me para dentro. Fui ali comprimido contra os vidros da porta, colado ao casal e ainda por cima o rapaz, excitado, prosseguia em actos sensuais risonhos. Havia povo colado ao tecto do comboio, nas escadas, no piso de cima e no de baixo, em verdade não havia um espaço onde os corpos comprimidos uns sobre os outros deixassem de sentir o calor de cada membro. Pensei que... cala-te não vem a propósito o que a tua cabeça doente imaginou.