segunda-feira, abril 22, 2024

Segunda, 22.

A actividade partidária é tão ruidosa e tão alheia ao país, que me pergunto por quanto tempo mais teremos democracia. O Vasco Gonçalves não se cala, a viúva ocupa o espaço com a sua voz afirmativa, como se fosse dona de uma colónia de mentecaptos, o Ventura parece um menino endiabrado de coro, o do Livre um cura de província e por aí fora. O PS levou oito anos a destruir as estruturas do país, mas exige agora ao PSD que reconstitua o danificado num dia. Já ninguém leva esta gente a sério, e uma sondagem recente mostra que os portugueses preferem um líder sem ser eleito, quero dizer, um mandão, um chefe que ponha ordem na casa. Por outras palavras – um novo Salazar. 

         - Somos, com efeito, o resultado deste dia luminoso que nos incendiou. Já disse e repito: tenho adoração por este espaço, por esta casa, por estas árvores, por este silêncio e pela luz que cai do céu em condescendências mágicas. Por aqui anda e ciranda uma voz serena, murmurante, que se projecta das paredes, finta as colunas de livros, atravessa os espaços e segue-me por entre as sombras que se agigantam ao entardecer. Quando a luz desagua no fundo do horizonte, levanta-se a noite desdobrada num manto de luz visível e admirada por mim quando atrás das vidraças olho o campo submergido no mais puro e voluptuoso silêncio. Ante o mistério do qual faço parte, simplifico-me em pensamentos que lançam no futuro iminente uma torrente de interrogações. Para quê quando sei que Tu estás onde sempre estiveste – no centro da nossa união, no espírito que me imbui da Tua complacente presença, Senhor.  

         - Tudo preencheu este dia do sabor e perfumes das coisas que me inebriam: o trabalho lá fora, a leitura e a escrita cá dentro. Com um salto à piscina para meia hora de natação. Deo gratias