Quarta,
2 de Setembro.
Foi
para mim um choque a morte do Zé Vaz Pereira. Ultimamente, doente, falávamos
por telefone e a última vez que almoçámos, já o tinha achado muito debilitado.
Conhecemo-nos no jornal A Capital e, como atestam muitas entradas neste diário,
eram frequentes os nossos encontros. Um gentleman, grande conhecedor de cinema,
de literatura e de escritores. Os nossos almoços duravam horas porque nos
entendíamos muito bem e os temas eram tantos e tanto ficava por contar! Descansa
em paz, terno e bom amigo. Todos se vão! O átrio da vida começa a preencher-se sinistramente
de sombras.
- Sob um sol de chumbo, subi e desci
quatro vezes a Feira do Livro. Em grande medida para encontrar o livro de
Frederico Pereira que procurava há vários meses em todas as livrarias de Lisboa
(os outros não me deram canseira a achar). A editora é a Companhia das Ilhas,
com sede nos Açores e, por consequência, pequena e sem grandes recursos para se
expandir como as outras, mas com um catálogo de fazer inveja às análogas que
optam por publicar aqueles meninos e meninas que aparecem na TV de uma
mediocridade boçal e a que Lídia Jorge chama genericamente lixo. Eu, se me
permitem, meto no mesmo caixote o trabalho dos outros ditos escritores, quase
só romances-sinopses de telenovela chancela TVi. Logo me entreguei à leitura e
devorei o primeiro capítulo numa espécie de êxtase. Não vou de imediato tecer
qualquer opinião reservando-me para o final da leitura, mas o que li pôs-me em
sentido ante um autêntico Escritor que recomendo aos meus leitores.