quarta-feira, setembro 02, 2020

Quarta, 2 de Setembro.
Foi para mim um choque a morte do Zé Vaz Pereira. Ultimamente, doente, falávamos por telefone e a última vez que almoçámos, já o tinha achado muito debilitado. Conhecemo-nos no jornal A Capital e, como atestam muitas entradas neste diário, eram frequentes os nossos encontros. Um gentleman, grande conhecedor de cinema, de literatura e de escritores. Os nossos almoços duravam horas porque nos entendíamos muito bem e os temas eram tantos e tanto ficava por contar! Descansa em paz, terno e bom amigo. Todos se vão! O átrio da vida começa a preencher-se sinistramente de sombras.


         - Sob um sol de chumbo, subi e desci quatro vezes a Feira do Livro. Em grande medida para encontrar o livro de Frederico Pereira que procurava há vários meses em todas as livrarias de Lisboa (os outros não me deram canseira a achar). A editora é a Companhia das Ilhas, com sede nos Açores e, por consequência, pequena e sem grandes recursos para se expandir como as outras, mas com um catálogo de fazer inveja às análogas que optam por publicar aqueles meninos e meninas que aparecem na TV de uma mediocridade boçal e a que Lídia Jorge chama genericamente lixo. Eu, se me permitem, meto no mesmo caixote o trabalho dos outros ditos escritores, quase só romances-sinopses de telenovela chancela TVi. Logo me entreguei à leitura e devorei o primeiro capítulo numa espécie de êxtase. Não vou de imediato tecer qualquer opinião reservando-me para o final da leitura, mas o que li pôs-me em sentido ante um autêntico Escritor que recomendo aos meus leitores.