domingo, setembro 27, 2020

Domingo, 27. 

Começo por agradecer aos leitores e amigos inquietos com a minha ausência aqui. Ela ficou a dever-se à Google que alterou o layout e me impediu de transpor o texto escrito fora do site para este. Assim, aqui fica o que não deixei de reflectir e registar. 

Sexta, 18.

Há um pormenor que diz tudo da cena caricata entre Benfica e António Costa e seus muchachos: não foram os políticos alienados do futebol que desistiram de ter o seu nome na mesa de honra do corrupto dirigente desportivo; mas o presidente do Benfica que correu com suas excelências. Ao que esta classe política se presta para manter o poder! 

         - Eu continuo a elogiar o trio formidável da DGS: Temido, Freitas e Sales. Apesar das pressões dos analfabetos do futebol para terem os campos cheios de pagode rasteiro, eles resistem e agora com voz firme. Os números de novos casos estão já ao nível de Abril quando a pandemia dizimou por todo o lado; não obstante, a culpa dela existir é para esta corja de fanáticos da Direcção-Geral de Saúde.  

         - Estive na Brasileira do lado de dentro devido à chuva que caiu paulatinamente toda a manhã. Foi a primeira vez depois do confinamento que tomei café sentado às mesas com história. O pior desta escolha, é a quantidade de espanhóis, franceses e outros que estão sem máscara, tossindo e espirrando quando calha. Ordenei (assim mesmo) a um grupo que pusesse a protecção e como eles não acataram a minha ordem, chamei um empregando recordando-lhe o que manda a lei e o bom senso. Este respondeu-me: “Tem toda a razão, mas nós só podemos obrigar a máscara os clientes que se apresentem ao balcão.” E esta? 

        - Um amigo contou-me que outro dia no metro entrou um grupo de negros (uns 10) e foram direitos a ele e obrigaram-no a levantar-se para se arrumarem juntos nos quatro bancos que estavam vagos. Como dois ficaram sem lugar, escorraçaram um rapaz branco no quinto banco e ficaram então todos juntos numa galhofa, sem máscara nem qualquer tipo de protecção. Que dirão as meninas e meninos do BE? Aqui racista é quem? Na carruagem ninguém estrugiu nem mugiu. 

         - Incrível! Quando deixei o Celeiro onde almocei, tomei o metro nos Restauradores para o Corte Inglês onde fui pagar a conta do mês passado, comprar o jantar e zarpar para casa. Então não é que na gare, como passageiro, só havia eu! 

Domingo, 20.

Nesta altura nós não nos mostramos aos médicos nem eles aos doentes. Assim, por e-mail, recebi a indicação que a bateria de exames é excelente e só o colesterol a 220 inquieta o clínico e absolutamente nada a mim, mais a mais porque os outros parâmetros estão belíssimos. O médico de família, passou (por telemóvel, claro) uma embalagem de 10 comprimidos de Sevastina. Acontece que não a aviei porque há muito a caixa de 10 desapareceu para dar entrada a uma mais de acordo com a sociedade de consumo de 20 drageias... Com 10, 20, 30 ou 50 não tenciono tomar nenhuma espécie de medicamento. Por enquanto convém dizer dado já que a natureza humana é muito frágil, e a qualquer momento vamos desta para melhor. Tomo, às vezes, suplementos vitamínicos, condrotina,  glucosamina e é tudo. Nada de químicos, portanto. 

Segunda, 21. 

O juiz desembargador Sr. Rui Rangel, foi acusado pelo MP de vários crimes de corrupção, ele e a ex-mulher. Mas há mais juízes envolvidos na Operação Lex, e também o homem forte e vendedor de pneus que dirige o Benfica. Este Rangel, como provavelmente os meus leitores devem estar recordados, nunca me enganou. Aliás o homem, espelho no aspecto, no carácter e nas palavras do país democrático de hoje, já apresentava há muito reflexos de tudo o que se adivinhava e o MP veio a confirmar. Ele e tantos outros novos-ricos nascidos com a UE, vivem fascinados pelo poder que o dinheiro e a boa vida oferece. Este homem, em festas, chegava a gastar 300 mil euros! Daí que hoje a esta nova classe política, a banqueiros e gestores, não interesse milhares, tem de ser milhões devido ao aumento do custo de vida a que a entrada de Portugal na União Europeia impulsionou. 

         - Duas horas a passar foi quanto levei para caiar a entrada. Talvez tivesse arriscado demais, montado no escadote periclitante, mil cuidados sobre pernas e braços. O resultado encheu-me de encantamento como se fosse o cavaleiro adjunto de D. Quixote. Ficou a faltar a barra azul e tenho agora de aguardar umas horas para ver o mundo da beleza trajando um manto alvo estendido ao deslumbre das manhãs outonais que vão chegando de mansinho. Depois hiper embalado, limpei a piscina, colhi alguns figos (sim, sim este ano é de empanturrar) e regressei a casa para me transportar nas páginas de O Matricida. 

Quarta, 23.

Ontem dei um salto ao Chiado. Na véspera tinha-me telefonado a Carmo e o Corregedor a desafiarem-me para um almoço. De caminho entrei na fnac para pedir a um empregado que me desobstruísse o computador da ganância de controlo do Google. Aparentemente ficou tudo regularizado e à noite, já em casa, o acesso aos novos parâmetros deixaram-me no vazio. Bom. Então o nosso encontro na Brasileira. Lá me deparei com o Carmo, Vergílio e a protectora, Castilho e Teresa. Grande discussão como é hábito com o João. Eu falava que a maioria dos presidentes de câmara e junta de freguesia são ignorantes, nada percebem de políticas culturais e dizia que são meros funcionários do partido referindo o daqui de Palmela do PCP; João insurge e cita o ex-presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que afirmava que “a cultura não enche barriga”. Evidentemente esta afirmação é idiota, provinciana e patega. Mas o que eu constato nos nossos desacordos, é o facto de João continuar a viver o ambiente do Parlamento onde só contam as disputas entre direita e esquerda. O país, o povo, os factos concretos de corrupção, preferencialmente com gente do PSD, CDS e PS, não lhe interessam e quando pode foge deles. É por causa desta dicotomia, contudo, que o Portugal com meio século de democracia está atrasado, o jogo de interesses impera, o progresso não avança, a paralisia mental e estrutural espraia-se por todos os sectores,  os pobres são cada vez mais e o anquilosamento é uma patologia da democracia.   

Quinta, 24.

Terminei a caiação da entrada. Como nunca fiz este trabalho, e o que faço gosto de fazer o melhor possível, acho que estou de parabéns e tenho de agradecer ao simpático velhote de 93 anos que me passou uma parte da sua energia. 


         - A publicidade feita pelos ditos cómicos, é para atrasados mentais. Ela é o retrato de um país reduzido pelos operadores de programas televisivos e publicitários, a um punhado de bolônios. Não sei como ontem, no canal 3, pude ver um programa excepcional, com uma equipa de psicólogos, psiquiatras e registo interventivo de dois professores americanos, além da pintora Graça Morais, sobre o cérebro. Trabalho magnífico, conduzido por uma apresentadora sóbria, conhecedora e segura. Um tema que sempre me atraiu e tenho dispensado muito estudo. 

Sexta, 25.

É curioso o artigo de Rui Tavares no Público sobre corrupção. Parece uma mensagem assobiada aos seus ouvidos pelo arrastão gauchista que se acha o dono da democracia. Cita abundantemente os corruptos de direita e não tem uma palavra para os de esquerda que há muito, juntos com os outros, atravancam os tribunais portugueses. Muito mais honesto é o artigo sobre o tema de Francisco Teixeira da Mota no mesmo jornal. 

         - O ditador Xi Jinping ping ping, espécie de imperador da China e arredores, prossegue a sua política de controlo de milhões de seres prendendo, maltratando, silenciado e abafando as vozes pró-democracia de Hong Kong. O meu amigo Hugues que vive em Taipé há mais de vinte anos, foi obrigado a deixar Taiwan ao abrigo das medidas contra a Covid-19  e não sabe quando terá ordem de retornar. Parece haver muita limpeza ao abrigo do coronavírus, muitos direitos humanos subtraídos. 

Sábado, 26.

A capital espanhola está de novo metida num inferno. Os casos diários de coronavírus já ultrapassam os piores dias de Abril e Maio. A acrescentar ao desnorte do pobre e ambicioso Pedro Sánchez, surgiu agora a senhorita oportunista, uma tal Isabel Ayuno, que, juntando-se à direita, e aproveitando os desentendimentos do ministro da Saúde e das autonomias que de si já baralham a governação, recusa aceitar as indicações do Governo para o número de zonas a confinar. O SNS espanhol em breve estará a rebentar pelas costuras e o povo manobrado pelos partidos políticos, faz manifestações na rua contra a prisão domiciliária. Contudo, a frase lapidar de bom senso veio da dona de um bar no bairro pobre de Vallecas aos enviados do Público a Madrid: “Nós, os pobres, preferimos saúde ao dinheiro, que estamos habituados a não ter.” O chefe do governo, sendo socialista, não percebe esta afirmação. 

         - Já agora aqui vai mais uma frase de mestre, foi escrita por José Pacheco Pereira no artigo “Ai como eu gosto de ser seviciado...”sobre as praxes académicas que por aí proliferam: “Se aceitarem andar a pintar a cara, a arrastar-se pelo chão e a engolir as obscenidades duns tipos vestidos de padre, é porque não cresceram o suficiente para ter voto em qualquer matéria.” 

         - Continuando nas frases. Esta saiu da boca salomónica de Rui Rio: “Viver com 635 euros é pouco, mas viver com 400 ou 500 ou estar no desemprego é pior.” Portanto, contenta-te com o que tens que eu estou bem, graças a Deus. 

         - Estou absolutamente de acordo com o despacho do director nacional da PSP que proíbe que os agentes da autoridade andem de bigodes encaracolados, franjas abaixo das sobrancelhas, tatuagens racistas, piercings, brincos, pulseiras, anéis esquisitos e outros adornos na moda. Se são polícias têm que se comportar como tal. A um padre não se admite que ande a exibir as pernas peludas, calções justos, não é verdade...

         - Ontem novo ataque dos jihadistas em frente a antiga sede do Charlie Hebdo, em Paris. Dois jornalistas foram atingidos à facada, um deles está em estado grave. O criminoso foi um rapaz de 18 anos do Paquistão já referenciado por outros crimes, o outro de 33 de origem argelina, alguns mais andam a monte.