Sábado, 3.
Nos séculos XI, XII, XII
enfim na Idade Média, as populações instalavam-se em torno dos conventos e
igrejas; hoje desenvolvem-se vilas e cidades em torno de centros comerciais.
Triste vida, triste fim.
- A telenovela José Sócrates prossegue
não sei se com interesse da parte dos portugueses. Do lado dos seus
correligionários, os mesmos que o aplaudiram como o “menino de ouro”, não
parece haver (algumas) dúvidas. Os grandes do PS fazem romaria à cadeia de
Évora e à saída do presídio debitam palavras dúbias para o encarcerado ouvir e diante das câmaras de televisão reservas para memória futura. Seja como for, a mim os
urros do “ser indomável” parecem-se com aqueles do apresentador de televisão
que durante anos não se calou, escreveu vários livros, deu entrevistas a torto
e a eito, chorou lágrimas de crocodilo, berrou que estava inocente e não
convenceu o corpo de juízes que o meteram na cadeia onde se encontra por mais
uns anos. Aquele que fala francês e toca (tocava, coitado) órgão nas igrejas,
cuja canonização se encarregou a justiça, também esbracejou clamando inocência.
De nada serviu – levou com dez anos atrás das grades. Só quem escapou
misteriosamente, foi o menino Pedroso. Todavia, estou convencido de que se hoje
o processo fosse reaberto, iria fazer companhia aos seus amigos e juntos
cantariam a Marselhesa tão ao gosto de Duarte Lima.
- Quando o dia nasce, levanta-se um
sol luminoso, quente, compensador das noites frias. As horas que passo lá fora
sentado na cadeira de verga a ler, são o meu paraíso sobre a terra. Não as
troco por nada, são quase metafísicas e, por isso, transpostas para um mundo
outro onde não cabe nenhuma impressão de isolamento. Pelo contrário, são
momentos povoados não só do silencio cristalino que aqui reina, mas também de
um vasto mundo onde as ideias e os pensamentos navegam em liberdade, se cruzam,
interpelam, para gáudio do solitário que escolheu a solidão para sua aliada.
- Mais um barco teve a intervenção da
marinha italiana para salvar centenas de sírios à deriva no mar povoado de
mostrengos como diz o nosso Luís de Camões. O método é sempre o mesmo: tripulação e comandante abandonam o navio e deixam os infelizes à sua sorte,
não sem antes lhes extorquirem 6.000 euros a cada condenado à morte.