Quinta, 1 de Outubro.
É verdade que preveni os meus leitores do
hiato que iria acontecer neste diário. O curioso porém, é que experimento uma grande
satisfacção por não vir aqui anotar as desgraças repetitivas que nos infestam a
vida. Há nos acontecimentos um cansaço que passa para todos nós e, no meu caso,
refugiando-me na escrita e não querendo abandonar as minhas personagens, aquele
universo que atravessa as centenas páginas que vou relendo e melhorando todas
as manhãs, acaba por ser o meu mundo e, simultaneamente, a maneira que
encontrei para viver ailleurs longe
do monótono e insuportável drama quotidiano.
- Como se calculava, somam-se as marcas que aldrabaram o controlo de
gases de estufa. Um desastre a todos os níveis a provar que a indústria e o
comércio, os Estados e os mercados, se estão nas tintas para o nosso Planeta.
Como se diz: “O último a sair que feche a porta ou que se lixe quem vier depois
de mim.” Mas o grande escândalo ainda não rebentou: as porcarias que o mercado
dá a comer a milhões de pessoas na forma de pratos pré-fabricados, enlatados,
preparação de produtos alimentares feitos para durar e para durar se juntam
toda a sorte de venenos, que criam doenças, diabetes, tensões altas, cancros, e
por aqui me fico. Tudo com a cumplicidade dos Governos, a permissividade das
instituições que foram criadas para controlar e não fazem, porque os negócios
não podem parar e os lucros ainda menos.