Segunda, 5.
Enfim, libertos do chinfrim das eleições.
Que todos como é habitual dizem ter vencido, marimbando-se para a democracia
que eles praticam e levam milhões a desprezar. Desta vez atingiu o máximo desde
o 25 de Abril: 43,07 por cento de abstenções. A verdade porém, é que só o BE e
Passos Coelho (pessoalmente) ganharam. As senhoritas da esquerda porque foram
convincentes e simpáticas; o actual primeiro-ministro porque depois de ter posto
o país de rastos conseguiu convencer os eleitores que a sua política era a única
que permitia o desenvolvimento e o emprego. Isto desde a primeira hora, quando
todos, inclusive o seu partido, o tomavam por obstinado, lunático e prepotente.
Resta o Partido Socialista. Que os meus leitores se lembrem do que
prognostiquei quando ele empurrou António Seguro. Disse (leia-se o que escrevi)
que ele nunca iria ganhar a confiança dos eleitores. Estava na cara. Só os
fanáticos, os que se refugiam entre taipais partidários não vêem o óbvio, não
auscultam a sociedade, não vivem com os pés assentes na terra. Toda a gente
pensava que perante o desastre eleitoral, Costa se demitia. Eu sempre imaginei
o contrário. Por uma razão simples: o homem tem sede de poder, pompa e
circunstância, e a sua ambição foi clara quando tomou de assalto o partido. Durante
a campanha, e até no discurso da derrota, Costa foi tatibitates, emberlificotée, nunca se comprometeu com
nada de substancial, tentou passar entre os pingos da chuva. É um facto que os
próximos tempos vão ser difíceis, não tanto porque os sociais-democratas não
conseguiram a maioria, mas porque em Portugal, fazer oposição, é montar uma
guerra permanente contra o partido que dirige o país. Somos selvagens por natureza.