Domingo, 4.
Faleceu José Vilheta aos 88 anos. Houve
um tempo em que privei assaz com ele, o ia visitar ao último andar de um prédio
na Duque d´Ávila onde vivia. Ele simpatizava muito comigo e eu com ele. Era um
Senhor na verdadeira acepção da palavra. Com o tempo, pediu-me que lhe
escreve-se uns textos e por via disso ficávamos horas a conversar na grande
sala cheia de pranchas de desenhos, livros, revistas e odor de cigarros.
Pagou-me sempre pontualmente aquilo que acordávamos e estar na sua companhia
era partilhar momentos com alguém fora série não só pelo talento, a visão
mordaz, o sentido muitas vezes erótico e até pornográfico que fazia tremer meio
mundo político e empresarial. Cavaco Silva que o diga...
- Um ataque aéreo levado a cabo pelos
americanos ao hospital de Kunduz, Afeganistão, fez – dizem eles por engano – 16
mortos e um número incalculável de feridos. Alguns dos mortos eram médicos,
outros doentes e na mortandade desapareceram também muitos taliban. A unidade
hospitalar estava devidamente identificada e por isso o alto-comissário da ONU
para os Direitos Humanos, admite que o “ataque é possivelmente criminoso”. Quem
não se conforma são os Médicos sem Fronteiras que se dedicam ao seu semelhante
graciosamente e com perigo para as suas próprias vidas.
- Um imbróglio nasceu entre a Rússia e os Estados Unidos tendo à ilharga
o medíocre senhor Hollande, a propósito dos ataques aos homens da Daesh na
Síria. Putin mandou os aviões sobrevoar o país com ataques cirúrgicos a
posições dos extremistas barbudos, mas Obama e Hollande não estão de acordo e
acusam-no de no caminho destruir posições e matar os homens “moderados” que
combatem o presidente Assad. A história repete-se na Síria e é idêntica à que
ocorreu na Líbia e no Iraque cujos resultados estão à vista.
- Devia receber aqui hoje para almoçar a Gi e o Vítor. Devido à chuva e
ao acto eleitoral, eles telefonaram a remeter para outro dia o ágape.
Disseram-me: “Vai votar em consciência” e eu respondi: “não votarei em...
consciência”. Pronta gargalhada.
- O forrobodó dos capitalistas da democracia continua. O Bava, CEO da PT
(eles adoram a designação, paubres cons,
mais importante hoje que Dr. ou Prof. ou Engº), que tanto se babou de cinismo quando
foi à Assembleia falar sobre as suas implicações no BES e na Rioforte (devem
estar recordados do show amnésico da criatura!), cujas fezes vêm forradas com
as imagens do euro e do dólar da recompensa choruda que recebeu, acaba de ver
mais próxima a prisão ou pelo menos a aclaração na ruína da empresa que dirigia
com Granadeiro e outros cúmplices. Quem os enfrenta é a Pharol (com PH) que os
vai processar. Lembra-nos Fialho d´Almeida quando escreveu depois do
assassinato do rei D. Carlos: Nesta época
em que as guerras são mais de Bolsa que de exércitos, e em que para os
indivíduos até os códigos de honra preconizam, em vez de duelos, indemnizações pecuniárias.