sábado, setembro 26, 2015

Sábado, 26.
Este ano, a peregrinação à cidade santa do Islão, obrigatória para todo o muçulmano que se preze pelo menos uma vez na vida, ficou saldada por mais de 700 mortos e para cima de 800 feridos. Não foi o primeiro acidente. Há pouco tempo um outro com o derrube de uma grua, na grande Mesquita de Meca, matou umas centenas de crentes. No momento, deviam estar quase três milhões de fiéis, que pelos vistos não cumpriram as indicações afixadas no local. Esta terrível tragédia, deveu-se a esmagamentos colectivos, embora muitos muçulmanos atribuam culpas à Arábia Saudita e ao seu soberano por não velar pelas estruturas e pelas vidas dos peregrinos.

         - O Papa Francisco foi aclamado como uma estrela rockeira nas Nações Unidas. Não se deixando deslumbrar nem rendendo-se ao espectáculo, proferiu um violento e oportuno discurso que deixou meio mundo estupefacto. Num país onde a pena de morte impera, a utilização de armas é uso corrente e livre, onde o racismo campeia em todos os estados, onde a imigração é fechada em espaços ostracizados, o Papa, em inglês, para que nada se perdesse, disse, entre outras coisas essenciais, que “nenhuma religião está isenta de formas de ilusão individual ou de extremismo ideológico”, que fez do seu mandato à frente da Igreja Católica “a defensa, a diferentes níveis, da causa da abolição total da pena de morte”, e ainda houve tempo para defender o clima, e os que são obrigados a deixar os seus países e casas, dizendo que “precisamos evitar a tentação, comum hoje em dia, de descartar qualquer coisa que se revele problemática”. Terminou – e ninguém com mais autoridade do que ele para o fazer – com a frase que os americanos adoram pronunciar: “God bless America!”.   

         - Leitores, não se impacientem, já só falta uma semana para a poluição política se volatilizar. Todos pedem a vitória, mas não qualquer uma: a ambição só se contenta com a maioria dos votos. Mas os portugueses – assim espero – não vão ser idiotas e depositar o seu destino num só dos lados.


         - Dou-me conta que pouco falo de cozinha. Hoje veio cá almoçar a Maria José. Como ela é uma pessoa delicada, tratei de fazer um almoço de acordo com a sua personalidade, começando com uma salada de endivas com nozes e grãos de romã, depois salmonetes com um molho que fiz à trouxe-mouxe (crème légère a 15%, limão, mostarda de abacate, azeite e pimenta), acompanhados com perucas, um tubérculo que a surpreendeu por ser arroxeado, mas que é riquíssimo em antioxidantes, tudo servido com um maravilhoso vinho verde Tapada dos Monges e para remate morangos aqui da minha safra. O repasto foi servido lá fora. Os pássaros, invejosos, não se cansaram de reclamar. A minha amiga saiu com um frasco de compota de maçã que eu estive a fazer num dia desta semana e a que juntei uma vagem de baunilha. Uma delícia!