Sábado, 26.
Este ano, a peregrinação à cidade santa
do Islão, obrigatória para todo o muçulmano que se preze pelo menos uma vez na
vida, ficou saldada por mais de 700 mortos e para cima de 800 feridos. Não foi
o primeiro acidente. Há pouco tempo um outro com o derrube de uma grua, na
grande Mesquita de Meca, matou umas centenas de crentes. No momento, deviam
estar quase três milhões de fiéis, que pelos vistos não cumpriram as indicações
afixadas no local. Esta terrível tragédia, deveu-se a esmagamentos colectivos,
embora muitos muçulmanos atribuam culpas à Arábia Saudita e ao seu soberano por
não velar pelas estruturas e pelas vidas dos peregrinos.
- O Papa Francisco foi aclamado como uma estrela rockeira nas Nações
Unidas. Não se deixando deslumbrar nem rendendo-se ao espectáculo, proferiu um
violento e oportuno discurso que deixou meio mundo estupefacto. Num país onde a
pena de morte impera, a utilização de armas é uso corrente e livre, onde o
racismo campeia em todos os estados, onde a imigração é fechada em espaços
ostracizados, o Papa, em inglês, para que nada se perdesse, disse, entre outras
coisas essenciais, que “nenhuma religião está isenta de formas de ilusão
individual ou de extremismo ideológico”, que fez do seu mandato à frente da
Igreja Católica “a defensa, a diferentes níveis, da causa da abolição total da
pena de morte”, e ainda houve tempo para defender o clima, e os que são
obrigados a deixar os seus países e casas, dizendo que “precisamos evitar a
tentação, comum hoje em dia, de descartar qualquer coisa que se revele
problemática”. Terminou – e ninguém com mais autoridade do que ele para o fazer
– com a frase que os americanos adoram pronunciar: “God bless America!”.
- Leitores, não se impacientem, já só falta uma semana para a poluição
política se volatilizar. Todos pedem a vitória, mas não qualquer uma: a ambição
só se contenta com a maioria dos votos. Mas os portugueses – assim espero – não
vão ser idiotas e depositar o seu destino num só dos lados.
- Dou-me conta que pouco falo de cozinha. Hoje veio cá almoçar a Maria
José. Como ela é uma pessoa delicada, tratei de fazer um almoço de acordo com a
sua personalidade, começando com uma salada de endivas com nozes e grãos de
romã, depois salmonetes com um molho que fiz à trouxe-mouxe (crème légère a 15%, limão, mostarda de
abacate, azeite e pimenta), acompanhados com perucas, um tubérculo que a
surpreendeu por ser arroxeado, mas que é riquíssimo em antioxidantes, tudo
servido com um maravilhoso vinho verde Tapada dos Monges e para remate morangos
aqui da minha safra. O repasto foi servido lá fora. Os pássaros, invejosos, não
se cansaram de reclamar. A minha amiga saiu com um frasco de compota de maçã
que eu estive a fazer num dia desta semana e a que juntei uma vagem de baunilha.
Uma delícia!