quarta-feira, setembro 16, 2015

Quarta, 16.
Sofro com cada rosto que me surge ao ecrã de televisão ainda por cima à hora do jantar. É uma vergonha o que se passa com os infelizes imigrantes. Escorraçados da Hungria, maltratados até por uma jornalista fascista, obrigados a fazer caminhadas de centenas de quilómetros, crianças ao colo, velhos no limite das forças, com fome, calor e em breve frio, ei-los à deriva de mar em mar, de país em país, sem nunca perderem a esperança de encalhar num porto de abrigo onde floresça o futuro e a guerra não entre. O êxodo de sírios, iraquianos, afegãos e outras nacionalidades veio avivar ainda mais a obsoleta criação da União Europeia. Ninguém se entende quanto ao número de acolhimento a dar aos que fugiram da guerra e da fome. Assiná-lo, todavia, a humanidade e independência de Jean-Claude Juncker e Angela Merkel. Tudo o resto oferece uma imagem repugnante de orgulho, frieza, desumanidade e oportunismo. A União no todo, acordou como sempre tarde, e o drama que tem nos braços prova que é uma fantasia que só acolhe os ambiciosos, é dominada pelos incompetentes, é gerida por uma casta de mangas-de-alpaca que se levanta a falar de números e deita-se para delirar com somas astronómicas que não servem senão os seus interesses obscuros. A América, no centro de toda esta tragédia, finge-se de morta.

         - Volta que não volta, recebo um convite para fazer parte deste ou daquele assinante do facebook. Não compreendo a insistência. Já aqui disse que não gosto de ser controlado, não preciso de ter mais que um amigo desde que seja sincero, não tenho tempo para falatar em páginas virtuais e, quando alguma leitora ou leitor pretende conversar comigo sem nicks e com conteúdo, basta que me contacte pelo e-mail que vem na primeira página deste blog e logo verá que respondo com celeridade e franqueza.


         - Vivo entre dois mundos que afinal pertencem ao mesmo universo: os Textos Filosóficos de Marco Túlio Cícero (sem esquecer a preciosa colaboração e tradução de professor J. A. Segurado e Campos) e o trabalho insano na correcção do meu romance. Tudo o resto não existe, dispenso a pura perda de tempo da hipocrisia, do egoísmo e do cinismo da vida ronceira e frígida de hoje. O meu paraíso são as estrelas, o silêncio, a solidão, o sopro divino que enche as horas do rumor do vento...