quinta-feira, setembro 24, 2015

Quinta, 24.
A querida União Europeia parece ter limpado a consciência imprimindo leis não vinculativas relativamente ao número de refugiados a receber por cada um dos seus membros. Respiram de alívio os infelizes? Claro que não. Primeiro, porque o drama situa-se nos seus países de origem; segundo, porque aqui chegados, ultrapassado o primeiro choro e o gesto caridoso tão típico, logo são abandonados à sua sorte. Basta que os projectores se desloquem para outro qualquer campo de desgraça, para que os que foram recebidos em festa experimentem a solidão e a sofrimento alguma vez sentidos. Vivemos no mundo do espectáculo e quanto mais dramático forem as imagens, mais o júbilo e a disputa dos canais de televisão ganham com isso.

         - A mim já nada me surpreende. Por isso, não sei porque se espanta o mundo com a astúcia da Volkswagen ao montar um sistema nos automóveis a gasóleo que permitia escapar ao controlo dos chamados gases de estufa emitidos para a atmosfera. Este estratagema, evitava à marca ter que gastar dinheiro a transformar os motores, tornando-os ecologicamente mais limpos, segundo as regras impostas pela União Europeia. Quem descobriu a marosca foram os americanos. E agora a pergunta que corre o mundo é esta: e as outras marcas? Ora! Ora! Ainda nos querem convencer que a história do Planeta é para ser levada a sério! Anda muita gente a viajar, a ganhar dinheiro, a pavonear-se em congressos internacionais, à conta de um mundo mais limpo. Uma treta! O que importa é consumir, consumir e consumir porque daí vem muito dinheiro e a ganância não tem regras nem limites. Para não falar na ditadura dos mercados que tudo e todos subornam e alienam, a começar pelos fracos e gananciosos líderes políticos.

         - Ontem puro dia em estado de graça.


         - O mundo mobiliza-se por Ali Mohammed al-Nimr. Aos 17 anos foi condenado à morte por ter participado num protesto contra o regime aguilhoador da Arábia Saudita. Hoje com vinte e um anos, vê a execução ser confirmada pelo tribunal sem que houvesse julgamento digno desse nome. Mais: morto, o seu corpo será crucificado e exposto na praça pública. O incrível porém, que denota a hipocrisia em que hoje se vive, a Arábia Saudita acaba de ser nomeada pelas Nações Unidas para conduzir um painel sobre... direitos humanos!