quinta-feira, setembro 17, 2015

Quinta, 17.
Colhi esta manhã os últimos figos das árvores que já os romanos respeitavam. Em verdade, aquilo não são árvores, são fábricas pelo muito que produziram. Tanto que sobrou para dar a muita gente, fazer compota, comê-los ao pequeno-almoço (mais de dois é demasiado!) e ainda restou para o meu exército simpático de pássaros que se regalaram e mo disseram em desgarradas afinadas. Ao lado, na grande romãzeira, apanhei os primeiros frutos de boca aberta, mostrando o vermelho sensual e intenso dos seus grãos. Quem se perfila a seguir? Os dióspiros e os medronhos.

         - Na Hungria, o energúmeno que rege o país, além de ter levantado uma muralha de ferro e arame farpado ao longo de quase duzentos quilómetros de fronteira, ainda correu com as pessoas que lhe chegaram pedindo socorro a gás lacrimogéneo e jactos de água. A quem ousar trepar os dez metros de barreira, espera-o a cadeia por cinco anos. Este animal, é membro da querida União Europeia. Por este caminho, não tarda voltará a estar sob a pata de dirigentes mais humanos do que ele. A História não se repete, mas refaz-se muitas vezes.

         - Saborosa e interessante conversa com a Maria José ontem ao fim da tarde. Estive no seu atelier para cima de três horas e por esse tempo deslizaram recordações e pessoas e amigos comuns, enquanto ela ia moldando no barro um Santo António com o Menino não ao colo como é tradicional, mas abraçado ao Santo, numa posição ternurenta que comovia.   


         - Caíram, enfim, as primeiras chuvas. Por aqui com pouca convicção, no Norte com estragos. Estou arrasado de regas e anseio por merecido descanso.