Quinta, 17.
Colhi esta manhã os últimos figos das árvores
que já os romanos respeitavam. Em verdade, aquilo não são árvores, são fábricas
pelo muito que produziram. Tanto que sobrou para dar a muita gente, fazer
compota, comê-los ao pequeno-almoço (mais de dois é demasiado!) e ainda restou
para o meu exército simpático de pássaros que se regalaram e mo disseram em desgarradas
afinadas. Ao lado, na grande romãzeira, apanhei os primeiros frutos de boca
aberta, mostrando o vermelho sensual e intenso dos seus grãos. Quem se perfila
a seguir? Os dióspiros e os medronhos.
- Na Hungria, o energúmeno que rege o país, além de ter levantado uma
muralha de ferro e arame farpado ao longo de quase duzentos quilómetros de
fronteira, ainda correu com as pessoas que lhe chegaram pedindo socorro a gás lacrimogéneo
e jactos de água. A quem ousar trepar os dez metros de barreira, espera-o a
cadeia por cinco anos. Este animal, é membro da querida União Europeia. Por
este caminho, não tarda voltará a estar sob a pata de dirigentes mais humanos do
que ele. A História não se repete, mas refaz-se muitas vezes.
- Saborosa e interessante conversa com a
Maria José ontem ao fim da tarde. Estive no seu atelier para cima de três horas
e por esse tempo deslizaram recordações e pessoas e amigos comuns, enquanto ela
ia moldando no barro um Santo António com o Menino não ao colo como é
tradicional, mas abraçado ao Santo, numa posição ternurenta que comovia.
- Caíram, enfim, as primeiras chuvas. Por aqui com pouca convicção, no
Norte com estragos. Estou arrasado de regas e anseio por merecido descanso.