domingo, setembro 03, 2023

Domingo, 3.

Vou citar Mariana Mortágua referindo-se ao estender de mão às esmolas de Bruxelas e publicado hoje no Público, como corolário do que eu escrevi ontem: “Com este pedido de ajuda à Comissão Europeia, o Governo acaba por fazer a derradeira admissão da sua incompetência para lidar com o problema da habitação.” A política em Portugal é tão sensaborona, trivial, coisa de família desavinda, de classe baixa, onde cada elemento se põe em bicos de pés para chegar ao tacho quase vazio sobre a mesa.  

         - Hoje, não obstante o trabalho realizado lá fora, voltaram a cair uns pingos de chuva. O Outono começou a espreitar a Terra a perscrutar de que lado deve descer, pois a atmosfera foi já outonal com a temperatura a baixar. Há, contudo, por aqui uma macieza de luz, que aviva as maçãs cheias de cor e despe de folhagem as figueiras. Quem se segue no brilho estonteante são as romãs, as maçãs reineta, os medronhos, os (poucos) marmelos, os saborosos dióspiros. Uma das estantes do armário chinês, está repleta de frascos de compota de vários frutos daqui. Só de olhá-los me enche o coração de prazer, porque a sua confecção, o porte de cada unidade disposta na prateleira, num conluio de frutas, relembra-me as velhas casas antigas, com avós sábias e poupadas, as horas passadas à roda de tachos de cobre, numa desforra de quem, provando com o dedo, diga preferir esta ou aquela.