Domingo, 10.
Não me escapa por entre o silêncio que aqui reina, o ruído constante da nossa classe política, que se serve da democracia para obter os louros que entumecem as suas vidinhas vazias. E qualquer coisa ou facto serve, a avidez é uma doença sem cura. Choram lágrimas de crocodilo pelas onze mortes da semana que passou, como se nós os honrássemos por tanto zelo e pranto derramado pelas almas dos falecidos e a indiferença dos sindicatos que regem o pessoal do INEM causador do abandono dos aflitos, com a sua gloriosa greve impossível de compreender. Acusam a ministra da Saúde, pedem a sua substituição, atiram-se ao primeiro-ministro, tudo como se ele e a sua equipa pudessem restabelecer em meia dúzia de meses o rasto de destruição e caos deixados pelos socialistas nos oito anos de governação. Melhor fora que “o maior partido da oposição” se ocupasse com o país real e deixasse de ambicionar o poder a qualquer preço.
- Estou esgotado e por aqui me quedo. Hoje tive que dar assistência ao senhor Nilton no trabalho de desentupir a rede de canos da cozinha, ficando esta alagada em consequência. Não há nada que não me calhe.