Sexta, 8,
Quem ler aquele rosário de misericórdias com que o patriarcado do PS incensou os pobres e imigrantes, rubricado por António Costa e seus associados no Público de anteontem (Em defesa da honra do PS), percebe o que foi o reinado daquele que hoje impera em Bruxelas com todas as benesses que os dois milhões e meio de pobres nunca alcançarão por muito longa que for a sua vida. Confrontemo-lo. O Eurostat avançou há dias com os números de 2023 e Portugal surge em 13º país da UE como a maior taxa de risco de pobreza e exclusão social. Assevera o estudo que mais de 2 milhões de habitantes em Portugal continuam a viver numa situação de vulnerabilidade, e pelo menos 12 por cento dos activos vive com rendimentos abaixo do limiar da pobreza e “ter emprego não garante que se consiga escapar à pobreza”. Que posso eu acrescentar, se não pedir encarecidamente aos meus leitores que não embarquem nos discursos daqueles que se aproveitam da situação ou vivem em mundos sem qualquer ligação com a realidade. Nós, “todos, todos, todos” não existimos – somos vermes que só existem quando se arrastam para votar.
- Antes que baixe o ruído que espantou políticos e a turba de jornalistas e comentadores, quero acrescentar mais alguma coisa ao que disse no dia das eleições americanas. Não sei que Donald Trump surgirá desta vez à frente dos destinos da América. Do meu ponto de vista, num país ancorado nos direitos humanos, na justiça e igualdade, nunca um qualquer Trump devia poder candidatar-se ao governo da nação. Explico porquê. Um homem que foi acusado de um rol de crimes (pelo menos 34); que está a contas com a justiça por ter mantido relações sexuais com actriz porno e a ter remunerado com dinheiro da empresa; que provocou o incêndio e assalto ao Capitólio; que falsificou resultados para ocultar pagamentos; que levou da Casa Branca para a sua residência documentação confidencial; estes e mais alguns processos que correm contra ele, e decerto vão ser arquivados, são o descrédito da democracia e dos valores morais que alicerçam a nossa vida colectiva. Entregar os destinos de uma nação imensa, com ramificações de toda a ordem sobre o mundo a um reles assim, é apostar numa incógnita assustadora. Quanto ao mais é a Democracia que sai de rastos ludibriada por um homem que se está nas tintas para os seus valores, um egoísta, um mitómano que conseguiu arrastar um povo cansado das políticas e dos políticos.
- Lição de bom português, administrada na TSF: “O homem está impactado pelas novas tecnologias.”