domingo, novembro 03, 2024

Domingo, 3.

São difíceis de ver as imagens que continuam a chegar de Valência. A única nota positiva foi a chegada maciça de voluntários vindos de toda a Espanha. É impressionante ver aquela mobilização quando falta tudo (ou quase) da parte das autoridades locais e sobretudo do governo central. Ao quarto dia, apareceram o Rei e a Rainha,  e também Pedro Sánchez. Foram corridos pela população indignada com a indiferença das autoridades, ouviram, alto e bom som, a população a insultá-los: “fora daqui”, “assassinos, assassinos”, enquanto lhes atiravam com lama. O governante socialista, para quem a propaganda é a sua principal nota governativa, ainda não decretou a calamidade nacional nem solicitou à UE ajuda. De facto, de tantas cadeias de televisão que tenho visto (nacionais e estrangeiras), nunca presenciei imagens de agentes da autoridade ou militares no teatro das operações.   

         - Surpreendeu-me pela positiva o artigo do cineasta Luís Filipe Rocha sobre o activista e revolucionário Camilo Mortágua, publicado no Público de hoje, falecido aos 90 anos. Embora a personagem não me diga nada, o artigo disse-me muito. É bem pensado, magnificamente escrito, num português eloquente, que não só aviva a memória do lutador, como deixa dele a imagem que nem todos partilham. Retenho esta passagem por me parecer à luz dos nossos dias arauto inestimável. “Nunca o poder ou a política enquanto palcos ou trampolins de cargos e benesses públicos ou privados, de carreira partidária ou verborreia ideológica lhe interessaram.” 

         - De facto, enfim, não há maior satisfação e alegria, bem estar e júbilo que o duche que reencontrei após um longo período de banhos comme ci comme ça.