Quinta, 6.
A bagunça que reina no Partido Socialista, é medonha. Vasco Gonçalves não tem sensibilidade para estar à frente do partido, é um homem de encontrões, de ameaças, quer levar na frente tudo e todos, não sabe pôr ordem nos ímpetos interesseiros. Então, furando a barreira, adiantam-se outros no seu lugar e dizem de sua justiça. É o caso de Ana Gomes quando se saiu com uma forte contra António Vitorino que Gonçalves gostaria de apoiar. Disse ela: “António Vitorino tem muita esperteza e até sentido de humor. Também têm um background (palavra cara que convence os saloios), um passado de lobista.” Não o querendo na Presidência, conluie: “Obviamente tem que ser gente séria, gente credível, gente com experiência política, mas não espertalhaços que vão utilizar as instituições para outros desígnios que no fundo desacreditam e enfraquecem as instituições.” Este socialista, há muitos anos, andou envolvido na compra de uma quinta aqui em Palmela, porque fez aquilo que toda a gente faz, que é comprar por um preço e dar outro mais baixo às Finanças. De todo o modo, nunca o avistei contrariamente a muitos outros comparsas que os vejo abancados a arrotar felizes depois de almoços avantajados.
Depois, não podia faltar o outro do Porto. Espertalhão como é, de olhos de águia, grande apoiante e cúmplice de José Sócrates, intelectual de província, veio lançar setas contra António José Seguro, pessoa séria e honesta, equilibrada e competente para ser Presidente de Portugal. Disse ele do camarada “não parece cumprir os requisitos mínimos de uma candidatura (referia-se a Belém) que possa ser apoiada pelo PS e um vasto campo de forças democráticas”. Pobre, homem! Sem António Costa, obrigado a exportar-se para o Norte onde a sua grande inteligência é repisada com martelos de alho-porro.
- Que mundo este em que vivemos! E sobretudo que democracias são estas que dão o poder a um só homem, que actua sob os auspícios do dinheiro e por ele altera a ética, submete povos, distribui pobreza, despacha por decreto guerras, desfigura a honra e a dignidade humanas. Tanto poder circunscrito nas mãos de uma clique, oligarca, desumana e cruel, é revoltante. Como pode o mundo, assistir de braços caídos, àquela ideia hedionda que põe em causa toda uma nação, que, depois de 50 anos de escravatura, seguida de uma guerra que tudo destruiu, matou 62 mil inocentes, como pode ele, o todo poderoso dos EUA (com o riso feliz de Netanyahu) transformar a Faixa de Gaza numa espécie de Seicheles para milionários americanos, desinfectada dos infelizes que nunca tiveram direito a ter uma pátria que fosse sua. Espero, sinceramente, que os povos civilizados do mundo inteiro se oponham a esta calamidade, a este crime monstruoso. As ditaduras não podem vingar, sejam elas ditas democráticas ou não. É uma questão de pura justiça.
- Não estou com cabeça para falar de mais dois casos vergonhosos praticados por dois deputados camarários do Chega. Um foi apanhado a conduzir bêbado; o outro é acusado de praticar sexo com um jovem de 15 anos pagando-lhe a ridícula soma de 20 euros. Amanhã explanarei estes dois doces das mãos daquele que quer impor a castração dos pedófilos e vai-se a ver vai ter que começar pela ala dos seus simpatizantes.
- Para acalmar a tensão deste mundo onde não apetece viver, fui fazer ¾ d´hora de natação. A tristeza maior é ter que me cruzar com corpos que parecem nacos de carne retorcida, barrigas enormes que há muito não enxergam o zizi, fatias penduradas aos bocados, que faz tristeza pousar por descuido o olhar. Que diabo, mesmo no fim da vida, morramos com dignidade, de corpos secos, belos, musculosos. É uma questão de arte e estética.