quarta-feira, julho 31, 2024

Quarta, 31.

A Venezuela está a ferro e fogo. A oposição não aceita os resultados eleitorais e fala que conquistou 70 por cento dos votos e por isso devia governar. Depois do reinado de Maduro já lá vão dez anos, o país caiu num desastre económico, social e político assustador. Nem o facto de ser um dos maiores produtores de petróleo, consegue levar ao povo a uma vida decente. Há já pelo menos sete mortos. Todavia, o PCP, Rússia, e China apressaram-se a festejar a vitória do ditador. O PCP já está limitado a um deputado na Assembleia, com estas atitudes vai ficar reduzido a um grupo de marginais da política e sonhadores do marxismo-leninismo. 

         - Li as primeiras cem páginas do Diário de Mário Cláudio que comprei sexta-feira passada quando entrei em casa. Que dizer? É pobre, é breve, esgota-se no apontamento feito à pressa, por vezes embrulhado num laçarote desajustado. Bom. São apenas cem páginas e a vida do escritor mal começou. Está lá tudo, mas falta-lhe sempre o essencial que o diarista cobre com prosa rechonchuda imprópria do género literário. Não obstante, estes dois apontamentos. De Pablo Casals: “Só os medíocres são impacientes; os grandes podem esperar.” O autor está de férias com o namorado na Praia da Árvore e ao vê-lo deitado na areia, ocorre-lhe: “Saberás que ainda és jovem quando, perante um livro, te sentirás incapaz de interromper a leitura.” 

         - As forças anti-democráticas que se constituem num bloco, puseram os seus terroristas a dinamitar vias ferroviárias, Internet, redes telefónicas fixas, portáveis num ataque sem precedentes para estragar a abertura do Jogos Olímpicos de Paris. Não o conseguiram. Eles aí estão em esplendor e pena é que aquele desportista de sobrancelhas negras aparadas, não tenha conseguido fazer melhor na primeira prova de natação. O rapaz vai longe. Assim como aquele que não passou da primeira prova de skate, miúdo com cabeça tronco e membros e... ideias.    

         - Alinho estas linhas no velho e (pouco) saudoso Centro Comercial Amoreiras. Há muitos anos que não punha aqui os pés e vim porque tenho de passar no exame para renovação da carta de condução. Vivi aqui perto mais de meia vida e era aqui que vinha fazer compras, tomar café, ao cinema, à livraria, encontra-me com amigos. Pouco resta desse tempo e a balbúrdia recresceu a um ponto que se tornou insuportável. Ao olhar este mundo de gulosos, ansiosos, convencidos, pelintras e insatisfeitos, penso no meu lugar onde no silêncio me confronto comigo e com a divina presença, como dizia Pascal, está por todo o lado mesmo nos buracos da casa.