sexta-feira, julho 12, 2024

Sexta, 12.

O empregado do restaurante que substituiu o meu velho amigo Gaspar definitivamente na reforma, veio para mim e cumprimentou-me de mão. É um jovem de uns vinte anos, espadaúdo, com tronco impositivo de quem pratica alteres. e rosto de criança. Digo-lhe: “Tenho direito a aperto de mão! O que virá depois? – É um simples cumprimento. Que queria? – Isso não se diz, só se pensa”, respondi. Diz uma senhora atrás de mim que parecia possuir os códigos dos augúrios: “Boa resposta.” E logo eu: “talvez seja melhor dizer sonha.” Grande gargalhada três.  

         - Ninguém consegue travar a ira dos israelitas (talvez fosse melhor dizer sionistas). Nem Biden que os sustem. Para além dos milhares de mortos, muitos deles crianças, sem que com isso consigam os objectivos que se impuseram - perseguir os homens do HAMAS e libertar os cento e tal reféns -, apesar disso ainda prosseguem na apropriação de vasto território palestiniano junto à Cisjordânia para construção de mais colonatos. Um escândalo que dá mais força ao HAMAS e trás à evidência a sua justa luta. Entre este e o senhor Netanyahu e quejandos, que venha o diabo e escolha os terroristas. 

         - Começa, enfim, a haver a coragem de denunciar a plêiade de editores nascidos da sapiência enganadora de que o mercado é fértil. Prometem editar os livros dos autores que as editoras consagradas rejeitam, cobram valores avultados e no fim a obra não aparece impressa ou quando é posta no mercado, os escritores não recebem um único exemplar, nem vêem contas da edição, e nalguns casos nunca o original é impresso. É um negócio das arábias, que mistura o talento de alguns, a cobiça ou vaidade de outros que apenas se querem arvorar em escritores. Eu volta que não volta, recebo mails a desafiarem-me para publicar – já não respondo porque interiorizei que o melhor do circuito é a escrita, a liberdade, o voo planado da criação. Não há editor nenhum que me tire os instantes sagrados quando me isolo para avançar na obra em curso. O último editor com quem trabalhei, ficou com 12 mil euros de direitos de autor. A minha revolta nasce aí. Já Julien Green dizia nos anos Quarenta do século passado, que conhecia muitos escritores pobres e todos os editores eram ricos. Sophia, quando a convidei para o meu programa Nova Musa, revelou-me que nunca tinha recebido um tosto dos livros editados. Yourcenar levou a vida inteira a defender-se dos editores. Tinha até um advogado que se ocupava continuamente dessa tarefa. Os tempos são outros. Hoje, salvo raras excepções, os “editores” só publicam “lixo”.