sábado, setembro 28, 2024

Sábado, 28.

Estando recluso, é em Marguerite Yourcenar que penso. Ela, depois da Segunda Grande Guerra refugiou-se na América com a companheira americana Grace Frick. Falecida esta, encontra refúgio no amigo que ela lhe deixou. Mas Jerry morre de SIDA pouco depois e, só, na Petite Plaisance, a casa do Maine, sul dos Estados Unidos, atira-se ao trabalho com paixão e contrapartida. Muitas obras nasceram então daquela solidão imensa amiga da reflexão, do tempo lesto, do espaço finito entre a vida e a morte. Sem me querer comparar à Estátua, faço dos meus dias encalhados, um tempo de escrita, escrita lenta, pensada, vivida e em simultâneo carrego baterias para me lançar às garras da vida de hoje feita de sobressaltos, imposições, interesses financeiros, leis estúpidas, encontros vadios onde reina a hipocrisia e o salve-se quem puder. Decidi ir buscar, terça-feira, o carro à oficina onde julgo ter havido leviandade no arranjo da viatura e levá-la para outra que me perece mais apetrechada e séria. Não vou na conversa do primeiro mecânico incitando-me a dá-la para abate. O automóvel está praticamente novo, com 155 mil quilómetros, impecável por dentro e por fora, e gosto muito dele. Por isso, vou optar por pôr um motor novo ou de ocasião, de forma a poupar na carteira, mas também a não resvalar para esta loucura colectiva do desaproveitamento. O carro não é o meu trono - é o meio prático que me facilita a vida. 

         - Israel, na sequência de forte ataque aos subúrbios de Beirute, anuncia a morte do líder do Hezbollah, Sayyid Hassan Nasrallah. Na sua obsessão criminosa, Netanyahu, imagina que alguma vez conseguirá acabar com o Hezbollah. Rei morto, rei posto. Toda a região, desconfio, prepara-se para uma guerra generalizada. O que se observou ontem na sede das Nações Unidas (no caso desunidas) onde o ditador discursou, é o rotundo sinal do encaminhamento do mundo.  Quando o corrupto primeiro-ministro israelita começou o sua exposição, praticamente todos os presentes abandonaram a sala. Israel politicamente está só no caminho que empreendeu. Os países que lhe fornecem as armas, aproveitam para ganhar milhões, alimentam uma ditadura desumana e abandonaram os palestinianos que há quase um século tanto sofrem sob a pata dos ultra que apoiam um tipo arrogante e assassino. Contudo, ainda nada foi confirmado por parte do Hezbollah.