terça-feira, setembro 10, 2024

Terça, 10.

Do nunca visto. A Alemanha, devido à entrada descontrolada de imigrantes, decidiu cortar o mal pela raiz e fechou todas as fronteiras. Quem chega, como nos tempos idos, tem que se identificar à porta. A Convenção de Schengen, já era.  

         - No dia do meu aniversário, logo às oito da manhã, começaram a chover mensagens e telefonemas. Como é hábito, o derradeiro apelo, é dos Couto por volta das 22 horas. Decidi actualizar a minha foto neste bogue, tirada pela Gi, uma semana antes. Foi um número redondo, incerto, frágil, corrigido cada dia ao acordar, com recuos e avanços. 

         - É impressionante o repto difícil de esquecer lançado pelos desportistas dos Paralímpicos de Paris. A França soube estar à sua altura e as pessoas honram-nos com a sua presença em massa na assistência. Eles falaram daquela expressão que eu muitas vezes trago aqui e tem raízes no tempo do Estado Novo, quando a Igreja encarava qualquer pessoa com deficiência como “coitadinho” ou “Deus que te assinalou algum defeito te encontrou”, o olhar incendiado de falsa misericórdia num caso e satisfação pela marca no outro. Esta beataria radicada na ignorância e no aproveitamento da padralhada, ainda hoje subsiste. Dimitri Pavadé referiu-se à naturalidade que deve existir em qualquer amorfia (“Le handicap n’est pas fait pour être caché”). Assim como o assumir da homossexualidade. A sociedade, não obstante campanhas e alguma imposição dos grupos LGBT, é um facto que ainda não assimilou como dado adquirido a condição. Impera  ainda hoje a reprovação, seja por gestos ou palavras. 

         - O Papa Francisco empreendeu um périplo que começou a 2 deste mês e vai durar até dia 13. Começou na Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste (onde se encontra) e termina em Singapura. A pouca vergonha dos sacerdotes abusadores de menores de idade, persegui-o. Em cadeira de rodas, não se furta a suportar o cansaço da viagem. A exemplo de João Paul II que, velho, uma frágil imagem do que foi, levou até ao fim com dignidade o seu calvário, mostrando que se é sempre alguém mesmo com as suas enfermidades. Prova disso, os Paralímpicos de Paris. Eu desatei a coxear com mais dignidade e uma certa altivez.  Olé! 

         - Não obstante os muitos afazeres por todo o lado, consegui reservar quatro horas para este registo e romance. Que mais? Apanhei o primeiro dióspiro numa árvore carregada deles, onde só este sobressaia, maduro. Mais: acabei de comer o resto dos figos. As figueiras prepararam-se para a hibernação: as folhas caem, os pássaros debandam, e a tristeza entra nelas como idosas abandonadas pela Natureza à sua sorte.