sábado, junho 08, 2024

Sábado, 8.

Terminou a algazarra. Amanhã se verá no que deu tanta promessa, tanta zaragata, tanta correria, tanta mentira e cinismo, tanta vaidade para tão pouca competência. De uma maneira geral, à excepção Cotrim de Figueiredo, toda a multidão de candidatos à lotaria de Bruxelas, está mal preparada. É por isso, que somos enxovalhados ou nos dispensam de opinar no Parlamento. O único homem que os barões europeus tiveram que ouvir, foi Mário Centeno que se impôs com a sua competência e autoridade em Economia. Lembro-me bem no período da troika e antes no tempo daquele rasteiro de chinelo Sarkosy, como nos tratavam e aos Gregos e aos povos do Sul. Antevejo a derrota de Luís Montenegro por causa daquela modernice de ir buscar a Santarém o moço dos cavalos, que respira ambição, mas falta-lhe estrutura moral, sabedoria política, respeito pelas mulheres, alienado como está ao fala-barato dos comentadores que crescem como lixo por todo o lado. 

         - Com os dias outonais que subitamente nos visitaram, aproveitei para cortar as centenas de deparas do bambu que circunda a pequena enseada de nenúfares. Trabalho difícil porque exige estar de cócoras, fazer força para abater cada ramo, transportá-los para o sítio onde no Inverno serão queimados. Depois voltei à minha querida natação, de onde andei arredio por indolência, calo no pé, falta de força anímica, interesse pela vida eterna no espaço que nos foi dado viver. 

         - Esta manhã fui tomar café com os franceses e almoçar em casa dos portugueses-franceses regressados para as férias. Grande repasto, animadíssimo, misturado da língua pátria e da de Molière. Uma aragem fresca levantada da superficialidade dos temas, inchados de gargalhada, porque tudo e todos à roda da mesa e da piscina, pareciam enxotar qualquer palavra que não fosse vertida para a alegria da chegada e do Verão que decerto se instalará de novo. Ninguém ali votou ou pensa votar – o Parlamento Europeu  é uma miragem que todos afugentam. 

         - Esta noite dormi nove horas de jacto, como se me tivesse reencontrado no jovem e jeune homme que sempre fui. Adormeci, como antes em cinco minutos, e fui por ali afora sem saber que percurso fiz, que oceanos venci, que dificuldades abati. Sem soporífero, calmante ou outra droga, pipis ou rajadas de vento na janela, como se durante a noite outra personagem tivesse tomado conta de mim, afagando-me de ternuras, de sossego, de soninho risonho, revigorante e apetrechado de duas asas alvas que me levou a todos os pontos do cosmo e do céu, acordado.