domingo, junho 16, 2024

Domingo, 16.

Esta dúvida que li hoje no Público de António Barreto: “Talvez não haja no mundo onde os trajectos políticos passam obrigatoriamente pela televisão. Já não se sabe muito bem se a TV é o ponto de partida ou de chegada de uma carreira política.” Qual o quê! Admira-me que tenha dúvida, caro António Barreto, é só contabilizar os cargos políticos beneficiados pelos vários comentadores televisivos. É lá que começou Marcelo o palrador por excelência, e se formou Costa na mira de Bruxelas. Um e outro são exemplos que nos permitem nunca mais votar em gente oportunista que utilizou e utiliza os ecrãs de televisão para as suas ambições pessoais. O país e os portugueses não passam de trampolim.    

         - Muito haveria que anotar, não fora a irrupção diversificada dos dias sobre este Diário. Mesmo assim, sobre as Memórias Minhas de Manuel Alegre que conclui há dias, deixo este lamento do velho lutador por volta de 1978. “Todos éramos antigos combatentes. Pertencíamos a outra História e ainda não tínhamos consciência disso. Agora o tempo era de outros, dos que se tinham preparado para ocupar o espaço depois das batalhas. Chegam os assépticos, limpos de resistência, de cadeias e de exílios. Vinham para gerir, governar, mandar. Ainda que precisassem de caução dos velhos combatentes. Estávamos a deixar-nos iludir pela necessidade de acreditar que é sempre possível dar volta à História e ao destino. (p. 266) Pois é. Tenho bastante mais a dizer sobre o livro e a personagem, mas deixo o trabalho para outra ocasião.

         - A menoridade de um povo, vê-se pela sua falta de juízo crítico, de informação, de conhecimento e interesse pela realidade. Nós aqui temos o invasivo Sebastião Bugalho, a França tem o empinocado Jordan Bardella, com um ano de diferença entre eles. Ambos fizeram a sua aprendizagem e cultura nas redes sociais. Fazem lembrar aqueles escritores que de um dia para outro apresentam-se como os maiores. Depois nós folheamos meia dúzia de páginas das suas fabulosas obras, e verificamos que aquilo é uma pasta malcheirosa, uma historieta de quem, não tendo vivido, nada tem para contar.  

         - Como costumo afirmar, aqui o trabalho nunca falta e nunca acaba. Verão e Inverno, há sempre um horror de afazeres que nesta altura começam muito cedo com as regas. Depois destas, fui prosseguir no corte do bambu em torno do pequeno charco de água. Como anos antes tive a infeliz ideia de plantar um cato que se fez gigante e agressivo, outro remédio não tive que o cortar. O gajo, chateado pela minha ousadia, fartou-se de me picar antes de jazer a estrebuchar por terra. Liguei mais tarde a televisão para assistir à missa. Mas deparei com o padre Tony da Madeira e fugi a sete pés.