terça-feira, outubro 15, 2024

Terça, 15.

Escrevo estas linhas no hospital de S. Lazaro, o computador sobre os joelhos, os sentidos no chamamento para análises e exames preparatórios para a operação à catarata do olho esquerdo. Nunca aqui tinha entrado, imaginava uma unidade saída da Segunda Grande Guerra, cheia de dores, ódios bafientos e gente de queixos escancarados à ousadia de quem passou o limiar do portão com o emblema do partido das duas queques, uma actriz, outra desassossegada enamorada, na lapela. Mas, não. Aqui reina a civilização mais avançada que nem passa pela cabeça dos dirigentes do BE, Livre, PAN, PS e Chega. Somos recebidos como príncipes, de sorrisos de orelha a orelha, salas limpas, cores celestes, operacionais de uma gentileza insuperável. O circuito entre gabinetes, faz-se com ordem, tacto, competência. Há silêncio, empregadas que nos orientam de gabinete em gabinete, tudo bem organizado e num instante somos libertados e numa fúria dirigimo-nos para o primeiro restaurante que encontramos, porque a fome é muita devido à obrigatoriedade das análises ao sangue. São 14 horas e dez minutos. Louvado seja o SNS! E duplamente louvados os seus executantes. Eles merecem o reconhecimento, e mesmo sem ele não abdicam da humanidade e da competência na ajuda aos que sofrem. Eu sou grande utilizador deste serviço e nunca fui maltratado por ninguém - operacionais, enfermeiros, médicos. Até apetece estar doente, quando a cura nos vem do interior de pessoas dedicadas, sérias, aptas e... humanas.  

         - Glória também ao senhor Pedro Sánchez que se juntou a António Guterres na defesa dos palestinos massacrados por Netanyahu. Ele luta para que seja proibida a venda de armas e quer igualmente que a invasão do Líbano seja condenada. Aperta-se o cerco ao nazi, embora os EUA continuem a fazer a guerra de braço dado com o Governo israelita. 

         - Fecho o dia convocando o meu iPhone: 5, 1 quilómetros palmilhados hoje em Lisboa; 10 escadas subidas entre elas a praga do Metro, onde quase todas as escadas rolantes estão em pane há meses, num desprezo pelos utentes, usual hoje na nojice dos organismos públicos depois da passagem de António Costa pela gestão do país;  8949 passos. Nada mau para o coxinho, coitadinho. Os generais do nosso Exército não fazem nem metade e, contudo, marcham aprumados uma barra de ouro em cada pé.