Quarta, 30.
De facto a saúde em Portugal deteriorou-se imenso. Talvez não possa falar dos actos médicos, mas do sistema organizativo, do acesso aos cuidados primários, à marcação de consultas com o expediente que permite a toda a gente trabalhar o menos possível com o processo agora em vigor das “primas” que nos atendem ao telefone. As repartições de finanças adoravam o sistema, até que este executivo acabou com ele. O meu Centro de Saúde que trabalhava muito bem, de repente, entraram as “primas” e desqualificaram tudo. Acrescem também as greves. Nesta altura existem por todo o lado, com especial acuidade a dos médicos e transportes (refiro-me, claro, à CP). O cidadão não conta para coisa nenhuma, ninguém o defende, esmagado pelas centrais sindicais e pelas redes de interesses políticos de toda a ordem. Quem esfrega as mãos de contente, é o sector privado que vai enriquecendo com a vida das pessoas - nunca o negócio da saúde andou tão próspero. Miserável país este.
- Vamos a ver se nos entendemos. Socorro-me de Roger Martin du Gard, grande amigo de Gide, também ele senhor de um volumoso Diário. S´il est tout naturel au Journal d´un écrivain d´éclairer son oeuvre, il ne l´est pas moins de considérer que ce genre d´ouvrage est, peu ou prou, un témoignage de son auteur sur son époque.