quinta-feira, outubro 10, 2024

Quinta, 10.

“Por entre silêncios trágicos e tantos silêncios cúmplices, devo confessar que me parece particularmente bizarro que também nós, no conforto dos nosso sofás, escolhamos virar-nos contra uma das poucas vozes que escolheu não ficar calada.” Quem assim fala ou antes escreve no Público de terça-feira, é Pedro Norton. Referia-se ele a António Guterres e com total propriedade tendo em vista o esforço que o secretário-geral das Nações Unidas tem feito para acudir a milhares de inocentes na “guerra da ressurreição” como lhe chamou o criminoso Netanyahu. 

         - Não quero pôr de lado os meus pequenos hábitos. Assim, esta manhã, pedi ao meu chauffeur privativo, Sr. Gaspar, que me viesse buscar para me levar e trazer à piscina. Não sei quando voltarei a ter carro e até lá quero manter intacto o meu quotidiano onde se inscreveu, por exemplo, uma ida aos CTT para levantar a carta de condução, três meses após a sua renovação pelo ACP. 

         - Quarta-feira, quando deixei o Gama Pinto, fui ao C.I. almoçar. Teria ido e teria almoçado? Não me parece, tal a explosão de emoções que vivi no rés-do-chão, no meio daquela desordem habitual, onde estive planando sem saber onde estava, habitado por uma espécie de alienação que me rolou pelo espaço fora, na quietude que se olha sem se ver, que se vive sem se viver, mas deixa na alma a plenitude de quem se deixou impregnar pela presença do oculto que nos ocultou...  

         - A América e o mundo ficaram suspensos da fúria do furacão Milton. Temia-se o pior, mas o tirano decidiu diminuir a sua cólera e chegou à Flórida bastante mais pacato. Mesmo assim provocou muitas mortes, não sei quantos milhões de lares estão sem electricidade, outros milhões fugiram nestes dias, casas foram arrancadas, e o final ainda está por contabilizar. O curioso é que um meteorologista norte-americano, Peter Dodge, falecido há poucos dias, pediu que as suas cinzas fossem libertadas no olho do furacão, quando o ciclone se movia por cima das águas do golfo do México na viagem para a Flórida. Belíssimo.