sábado, maio 24, 2025

Sábado, 24. 

As palavras de ordem dos partidos de esquerda, são as mesmas que ouvíamos no tempo da outra senhora. É impressionante como esta gente não consegue compreender os tempos modernos, como insiste em valores que não se ajustam com as pessoas de hoje, pobres ou ricos, como se o passado persistisse em se impor ao presente, mas sem ninguém dentro. Eles ainda não perceberam que o que perderam não recuperarão nos anos mais próximos e que a filiação cega, embora funcione em países pobres e dependentes do Estado, é oscilante, roliça, e leva no arrastão as causas do momento e não os valores morais e sociais. “A luta continua”, mas só nas mentes empedernidas, grudadas nas filosofias edificantes de um certo período da História, hoje completamente ultrapassadas, paradas lá para trás quando as circunstâncias políticas pediam o esforço e empenho na moralização do edifício social de si muito básico e apropriado ao feudalismo que tinha na escravidão os seus alicerces. 

         - Fui almoçar a casa da Alice em Caldas da Rainha. A viagem, por si só, é um encanto e o jardim que ela sozinha construiu, uma beleza que embeleza não só a paisagem como o coração de quem pousa o olhar pelo vasto parque de quatro hectares. Sem esquecer a nossa tradicional ida ao mercado, na Praça da Liberdade, com a sua magia e seu encanto, nas pessoas e no falar, nos produtos e nos sabores. Depois do almoço simples e saboroso, a Alice quis mostrar-me os cantos e recantos do seu domínio, onde continuam a faltar bancos corridos para nos sentarmos a colher os odores embriagantes que pairam à nossa volta ou a ler pelo adiantado das horas. Ouvi-la falar dos reizinhos que pululavam na Assembleia da República do seu tempo, é confirmar aquilo que eu sempre aqui denunciei e nunca acreditei fosse possível ser diferente num Portugal tacanho e convencido onde quem tem olho é rei. As mordomias à conta do erário público de certos ministros (no caso dois socialistas), também foram narrados ao pormenor. 

         - Encontrei ao abandono na estação de camionagem, dois africanos. Um de São Tomé, outro de Angola. Sem bagagem, perdidos, procuravam trabalho. A dada altura diz o primeiro para o segundo: “Vai para Lisboa porque lá ganhas a apanhar fruta.” Achei a ideia bizarra, mas limitei-me a perguntar ao angolano se queria mesmo rumar à capital e, se sim, eu lhe pagaria a viagem. Hesitou. Nesse momento o santomense, diz-lhe (eles não se conheciam) que fosse com ele para Bombarral. Entretanto chegou o meu autocarro e deixei para trás os dois infelizes a decidir das suas vidas. Mas senti o coração apertado por ver dois rapazes que nem vinte anos teriam, abandonados à sua sorte - dois entre milhares que ninguém vê na vasta paisagem de nómadas que cobre Portugal de Norte a Sul. Mais uma obra de António Costa repimpado em Bruxelas, longe das feridas que deixou para os seus sucessores curarem. É por esta e por muitas outras, que desejo um longo período de abstinência governativa aos socialistas. Vade retro satana. 

         - Esta gente se não existisse não fazia cá falta nenhuma. Aquele que vendeu a imagem, durante anos aos domingos na SIC, e se candidata a Presidente da República, disse de Gouveia e Melo que com ele se atira a Belém, que o militar não tem experiência política nenhuma. Todavia, Ventura que pouca ou nula tem também, a figura comentarista não se coíbe de aconselhar acordos com o Chega, dirigido por um homem que de governação nada percebe e pouco exerceu. Não votarei nem num nem outro. Mas a honestidade manda que não ludibriem os incautos.