Domingo, 11.
Habemus Papam. O anúncio chegou ao quarto escrutínio do Conclave, quinta-feira ao fim do dia. Os cardeais com assento na Capela Sistina, ao todo 133, elegeram o norte-americano Robert Francis Prevost, que tomou o nome de Leão 14. O mundo católico exultou e todos esperam dele o ciclo iniciado pelo seu predecessor, santo Papa Francisco. Não tenho opinião formada, mas se me apoiar no nome por ele escolhido, Leão XIV, bem como no primeiro discurso feito da janela do Vaticano, onde a palavra paz foi evocada várias vezes, assim como as décadas de trabalho pastoral no Peru, reconforto-me antecipadamente por um novo movimento de aproximação aos valores humanitários levados a cabo por Leão XIII nos princípios da Revolução Industrial. Por outro lado, ele pertence à Ordem Agostiniana, formada no séc. III, pelo Papa Inocêncio IV, o que nos dá indícios de ser um sacerdote decidido e combatente.
- Céus! Mas que será esta nomeação que se crê ser obra do Espírito Santo, comparada com a pequenez da política partidária que nos apoquenta e decepciona e arrebanha a ignorância e a pequenez do “nosso povo”. É um verdadeiro susto, um terror o que nos espera. Eu fui marcado pela acção socialista de António Costa e não quero de-ma-mei-ra-ne-nhu-ma viver outro inferno social e político, institucional e quotidiano uma segunda vez. O período que é suposto ser o que nos informa e esclarece sobre todos os pontos essenciais do nosso futuro próximo, com divulgação dos respectivos programas políticos, está transformado numa feira, num carnaval de ataques pessoais, de coisa e coisinhas de ralé, pequenos montinhos de dejectos, que cheiram que tresandam, e são um ataque feroz à democracia e à nossa saúde mental.
- Um exemplo que cito com tristeza. Um tal Pedro Adão e Silva, que foi ministro da Cultura, muito fracote por sinal, diz no Público de sexta-feira isto: “A forma ligeira como se descarta a questão Spinumviva é um sintoma do abismo moral que rege as democracias hoje.” Até pode ser. Mas não é diferente do que se passou com o Sr. Vítor Escária que foi ao ponto de esconder milhares em vários pontos do seu gabinete, em S. Bento, ele e tantos outros socialistas, ou de José Sócrates que telefonava ao seu amigo industrial de Leiria sob estas palavras: “Olha (aqui fazer a voz fanhosa do sujeito), não te esqueças de me mandar aquilo que tu sabes que gosto tanto.” “Aquilo” eram os milhões que lhe permitiram viver à grande e à francesa em Paris aprendendo francês e a tocar piano.
- O fertagus é uma escola onde se aprende a evolução da juventude dos nossos dias. Outro dia, no percurso entre Pragal e Fogueteiro, três jovens, pelo que percebi universitários, do princípio ao fim da viagem, era tanta a “merda” (cada duas palavras lá vinha o mau cheiro), e outras iguarias do mesmo género que, de cada vez que um dizia a dita cuja, um dos dois repetia: “eu caguei-me”. A conversa misturava temas da aula, da professora e assim. Quando eles deixaram o comboio e passaram por mim, disse alto e bom som: “Já podemos respirar, os maus odores daqui para fora.” Olharam-me espantados e saíram.