sábado, março 01, 2025

Sábado, 1 de Março. 

Da boca de Marcelo Rebelo de Sousa tanto saem as palavras mais argutas, como as imprevisíveis trolaró. Observando a decisão de Trump ao escolher os jornalistas e até os temas por eles abordados a partir da Casa Branca, o Presidente da República soube alertar para o caminho ditatorial do governante americano. E depois, quando na estada de dois dias em Portugal de Emmanuel Macron, no jantar da sala gelada do Palácio da Ajuda, teceu uma panorâmica histórica da relação de Donald Trump com a UE, a Ucrânia e a célebre aliança saída da Segunda Guerra Mundial. Foi corajoso, justo, perfeito. A tal ponto que surpreendeu o visitante e decerto muitos portugueses. O homem quando lhe dá para pôr de lado a demagogia e o populismo, cresce em grandeza.  

         - A semana finda num desastre total. O mundo assiste em directo ao espectáculo degradante de dois chefes de Estado confrontando-se num tom de escumalha reles, em plena Sala Oval, com um rancho de jornalistas a transmitir toda a violência verbal  entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump, com os apartes do bebé Nestlé J. D. Vance perigoso ambicioso que disse o pior do seu patrão noutros tempos e agora está de joelhos em améns a tudo o que lhe sai da boca para fora. Esta Administração Trump não vai durar muito tempo, são muitos os galos a cantar à desgarrada, são tantas as arrogâncias, as prepotências, as investidas à legalidade, que é impossível que a base democrática do país não se revolte. Primeiro, obrigaram o Presidente da Ucrânia a dizer pela enésima vez que está “grato” à ajuda americana; depois Trump culpa-o de preparar a Terceira Guerra Mundial ao não se rebaixar perante um acordo de paz para o qual não conta para nada, estando todas as atenções viradas para Putin. A dada altura, falam de acordos. No diálogo que se segue o vice-presidente no momento em que Zelensky recorda que a Rússia violou os acordos diplomáticos no passado, pergunta-lhe a que tipo de diplomacia se referia. Vance não gostou da ousadia e atira: “Penso que é uma falta de respeito que venha para a Sala Oval tentar contestar isso em frente aos media americanos.” O encontro termina tenso e o que tinha levado a Washington Zelensky (a assinatura da exploração de minérios) acaba desfeito. Logo de seguida, todos os presidentes europeus, dão força a Zelensky colocando-se a seu lado para prosseguirem juntos a guerra ao invasor. Um diplomata, um grande Presidente, que não se deixou rebaixar ante aquelas arruaças ordinárias, como se ele não tivesse outra alternativa que ceder ao plano que o monstro preparou. Como vai tudo isto terminar, é uma incógnita. Lá longe, Putin, contorce-se de contentamento. 

         - Ontem almocei com o João. Sempre que estamos juntos, evito falar de política. Quando ele veio ao meu encontro ao café da Fnac, logo ali quis falar do que se passa entre a América e a Federação Russa. Suponho que para os comunistas deva ser um momento confuso, porque comunista que se preze, interiorizou esta fórmula simples e fácil de usar: ou se é pela Rússia contra a América ou o contrário. 

         - “Parece que só pode fazer política quem tenha a educação restrita, o salário mínimo, um emprego do Estado, uma função na autarquia ou um cargo no partido. Por outras palavras, quem trabalhe para o Estado ou quem ganhe muito pouco e não tenha bens, nem propriedades. São ideias macabras que diminuem direitos, criam desigualdades e provocam ainda mais corrupção.”  Vem este parágrafo no artigo de António Barreto a propósito do que por aí vai sobre a empresa do primeiro-ministro, nesta democracia transformada numa guerra permanente pelo poder entre partidos. Amanhã ocupar-me-ei do assunto.   

         - Fugir a tudo isto, deixar para trás esta mixórdia de sentimentos, esta cabala de interesses e vaidades, esta inquietação pelo futuro e descer à intimidade de Deus, ao Seu refúgio, à preparação do nosso encontro na Eternidade.