sábado, agosto 10, 2024

Sábado, 10.

As pessoas dizem, disseram-me o Tó e a Maria de Lurdes, ambos não me viam há algum tempo, que eu não mudo, que estou na mesma. Mas não é verdade. Como me disse uma vez, em Paris, Vergílio Ferreira que eu sabia doente, “eu não me queixo do aspecto”. Eu estou na mesma. A mim basta-me ver os que comigo conviveram há vinte, trinta nos, para me observar. Se os vejo mais velhos, como posso eu estar mais novo? Basta olhar esta foto tirada há oito dias, para se ver que não caminho para novo... A luta contra a velhice é constante. A uma vetusta senhora damos passagem, à decadência barramos-lhe o caminho. Como? Continuando curiosos, activos mesmo nos pequenos nadas, estudando, lendo muito, viajando até de bengala, hodiernos, revoltados, insubmissos, encarando o futuro como uma enorme recta a vencer. E, sobretudo, pensar que o mais importante vai acontecer após a morte. 

         - Da semana sobra a fuga rocambolesca de Puigdemont, o líder da independência da Catalunha. Ele acreditou e desacreditou na amnistia propalada pelo socialista Pedro Sánchez quando do acordo de viabilização do seu governo. Refugiado na Bélgica, de lá veio ao centro de Barcelona onde fez um discurso empolgante e depois, num relâmpago, desapareceu voltando para o exílio. Os Mossos d´Esquarda como são conhecidos e o próprio nome é um achado que permite todos os devaneios, estão acusados de o terem feito desaparecer. Tudo isto para mim é uma maravilha que dá empolgamento à política deixando-a de rastos e desacreditada por todo o lado.  

         - Aqui dia muito quente. Comecei cedo nas regas sem a Gi a puxar a mangueira. Há um ano que não mandava lavar o carro que vai à inspecção segunda-feira. Foi, pois, com agradável sensação que viajo numa viatura limpa, brilhante, onde a paisagem parece estar à mão de semear.