sábado, junho 28, 2025

Sábado, 28.

Trump voltou para o seu castelo inchado de orgulho, passado a pente dourado de vaidade. Assim que ele debandou, os nossos entendidos e orgulhosos euro-governantes, caíram na real: afinal o homem não se havia esquecido das percentagens que fazem o lustro da sua governação. A criatura acenou-lhes da Casa Branca que não olvidassem as taxas a aplicar aos produtos chegados aos EUA - são para cumprir. Foi um balde de água fria que despejou sem piedade sobre as suas cabeças doidas e levianas. Que humilhação, que miséria! Ainda por cima redisse que a Europa tem andado a enriquecer à conta da América.  

         - Tenho tido dias duros não só por causa da canícula, mas pelo serviço que venho prestando ao Nilton no arranjo da piscina. Ontem fui ao Bangladesch, à sua secção na estação do metro Restauradores, entregar a lona para que os costureiros a transformassem na cortina que há-de descer sobre o lounge (modo de falar à Carlos Neto). No Rossio abafava-se, O calor era tanto, que mal se podia andar. E todavia, baratas tontas estrangeiras não faltavam. Fui mastigar qualquer coisa ao paraíso C.I. e despachei-me para casa onde a frescura convida ao ripanço e ao dolce far niente. O galdério do gato, só daqui saiu pelas dez da noite ao encontro da namorada que o chamava do lado de fora. O único sitio mais difícil para se estar com estes quase 40 graus centígrados, é a cozinha. Mas é lá que estou bem, o ar condicionado ligado. Hoje fui ao encontro do Nilton à loja onde se vende material para piscinas. Diz-me ele que esta tarde, quando voltar de ao pé da namorada brasileira, poderá pôr a água a circular e terminar o trabalho. A ver vamos. Estou ansioso por correr com a rã que lá se instalou e não pára de cantar. A mim faz-me impressão vê-lo trabalhar sob esta temperatura de morte. Pela uma e meia da tarde, quase lhe ordenei que fosse fazer a sesta e voltasse pelas cinco. Recusou. Eu insisti. Contrariado aceitou. Bref. 

         - Terminei o livro de Hugo Mãe. Que dizer. São curtas histórias do seu quotidiano, que se lêem num ápice, na sintaxe do costume, e logo se esquecem. Prefiro-o nos romances onde a criatividade e o sentido da história nos prende e somos, literalmente, arrastados. 

         - O artigo de João Miguel Tavares de hoje, sobre a figura sinistra de Augusto Santos Silva, termina assim: “Bem sei que o ressabiado Santos Silva, após dizer e repetir que Seguro não cumpre os “serviços mínimos”, veio agora informar a pátria de que irá anunciar na quarta-feira se ele próprio é, ou não, candidato à presidência. Espero que venha a ser, porque eu tenho este sonho: ver Augusto Santos Silva ser humilhado nas urnas ao mesmo tempo que Jose Sócrates é julgado nos tribunais. Seria um final feliz para os piores anos da democracia portuguesa.” Assino de cruz.     

         - Agora, no inferno em que se tornou há muito a Faixa de Gaza, são os solados israelitas que denunciam ordens para matar multidões que procuram alimentos para não morrerem à fome. Naturalmente o assassino Netanyahu, desmente.  


quinta-feira, junho 26, 2025

Quinta, 26.

Uma vergonha, uma nojenta vergonha a Cimeira da NATO com Trump a presidir, senhor todo poderoso a quem toda a cambada de políticos medíocres renderam vassalagem. Salvo Pedro Sánchez, o grande, o independente, que prefere acudir ao seu país e aos factores sociais de Espanha, que embarcar nos 5 por cento que o poderoso impôs para manter a Organização. Pergunta-se por quê 5 e não 10 ou 20%, uma vez que nunca li nenhum estudo sobre a necessidade de um tal acréscimo em armamento. Aquela bajulação, nem ao menos teve em conta os desafios de Donald Trump ao pretender anexar a Gronelândia, pertença da Dinamarca, território da União Europeia. Vivemos um momento de loucura, somos governados por insignificantes seres, pequeninos como moscas, equidistantes dos grandes que reconstruíram a Europa, estou a pensar em De Gaulle que tendo pertencido à NATO, abandonou-a em 1966, correndo com as bases militares americanas do país. Ele sabia bem porquê. Seguiu-se a corrupção dos Sarkozys deste mundo, o futuro encurtou até não ter margem de visão - a França deixou de ser independente e com ela toda a Europa. Estamos sob a pata de governantes tirados a papel químico do modelo americano. 

         - Faz muito calor. Fui à piscina com a sorte de haver uma faixa só para mim durante uma hora. Nos balneários não assisti a nenhuma daquelas cenas de terror. Ao contrário, na água, naquilo a que chamam hidroginástica, uma chusma de mulheres que faziam cada uma três vezes o meu corpo. E mais uma vez me assaltou este terror: como será aquilo todas nuas nos chuveiros? Pesadelo, pesadelo! 


quarta-feira, junho 25, 2025

Quarta, 25.

Regressar ao conforto de mim, apoiar-me no ombro do meu Criador, fechar a cortina de luz e vento, descer as pestanas de luz, e deixar-me invadir pela paz, o silêncio que murmura orações e cânticos e desce das alturas carregado de bênçãos. Ficar hirto como uma estaca no deserto, tocada pelos temporais que não assustam antes revigoram porque nos sacodem e nos devolvem a identidade perdida na aprendizagem manipulada, nas vozes doces truncadas de falsa sabedoria, no segredo incrustado em nós desde tempos imemoriais. Ler o breviário das horas e descobrir em cada página o percurso das sombras, o sopro das divindades, o eco das preces num mundo breve, ruidoso, sem sentido nem esperança, traçado na ira e ódio que rasteja e ciranda e sobe e desce e contorna cada um de nós da nostalgia do passado, quando os humanos se reconheciam como humanos...  


terça-feira, junho 24, 2025

Terça, 24.

Ninguém me consegue explicar – à parte a dança habitual dos políticos que pensam todos em pescadinha e já agora também dos sabichões comentadores – qual a diferença entre arma atómica construída pelo Irão e aquelas outras que alguns países possuem sem que ninguém os obrigue a desfazerem-se delas. Ouço falar americanos e europeus que o regime iraniano é cruel, dominador, envaido de moralidade e dominado por ditadores de crenças religiosas, querendo com isso contrapor os regimes democráticos onde ninguém se sobressai dos demais em decisões de tamanha importância como o disparo de armas nucleares. Com esta particularidade. Foi um país democrático, os EUA,  o primeiro a fazer uso de tais armas de morte e destruição e não uma, mas duas vezes: Hiroshima e Nagasaki. E se um louco democrático como Donald Trump quiser hoje utilizá-la, não pode? Ou o seu camarada Vladimir Putin? Ou aqueloutro varrido dos miolos Kim Jong-un? 

         - O Executivo aprovou a Lei da Nacionalidade. Grosso modo, concordo não fora as excepções que dão a palavra à madre superiora do Bloco de Esquerda e dos seus acólitos. Esta lei faz dos imigrantes pessoas de primeira e de segunda. Os ricos, os dos “Vistos Gold” que ninguém fiscaliza, os profissionais altamente classificados com cartão azul da UE podem fazer o que muito bem quiserem; os restantes ficam sujeitos a todos os entraves, peripécias, demoras e esforços para conseguirem residência entre nós. Não tarda, teremos a vir morrer neste espaço ao sol como lagartixas em fim de vida, toda a casta de oligarcas, de Trump a Putin, de Elon Musk a Mark Zuckerberg. 

         - Fui à piscina. Água gelada a fazer encolher tudo à dignidade secreta da cobiça dos olhares. Ontem, no C.I. adquiri o último livro de Valter Hugo Mãe, Educação da Tristeza. Também abanquei por duas horas na esplanada de A Brasileira em cavaqueira ligeira sobre o peso do mundo actual. Mas quando chegou o João, mal se tinha sentado, já falava contra a América. Debandei de pronto. À chegada a este paraíso, tinha o Nilton de volta da piscina e a sua namorada por ele mandada vir do Brasil há um mês, a ajudá-lo.  


domingo, junho 22, 2025

Domingo, 22.

Desde que um boçal alcança o poder, tudo é de esperar. Contudo, o que a mim mais me  surpreende, é como a democracia fica vassala de um qualquer arrogante, oligarca ou egocêntrico, que de súbito está de posse do poder absoluto, indo contra os adversários políticos, as leis internacionais, o Senado ou Assembleia Nacional, fazendo o que melhor serve os seus objetivos pessoais e interesses privados. É o caso original e extremamente assustador de Trump. De braço dado com o criminoso e seu bajulador Netanyahu, bombardeou ontem o Irão com armas que só os EUA possuem. Fê-lo sem prevenir ninguém. Como senhor absoluto do mundo e da força que o regime americano põe ao seu dispor. O mundo acordou para esta triste realidade. Muitos foram já os países que a condenaram, a nossa estimada UE só amanhã vai reunir para analisar os factos. Que chateza virem-nos aborrecer no fim-de-semana. Já não basta a pobreza que berra, vêm agora os islâmicos incomodar-nos com bombas que nem sequer foram lançadas por nós. Esperemos de cabeça erguida pela resposta de Teerão. 


sábado, junho 21, 2025

Sábado, 21.

Eu sou muito metódico. Organizo-me em função de objectivos, com margem apesar de tudo para imprevistos e estes me incomodarem. Perguntei outro dia ao João Biancard, hoje com proveta idade, o que mais o incomoda na vida. Ele respondeu a alteração abrupta dos meus ritmos, a desistência de projectos subitamente adiados ou suspensos, o atraso de alguém para quem as horas não contam. Eu estou com ele. Esta manhã fiquei muito incomodado com o senhor que tem vindo cá limpar com a roçadora a erva seca. Ontem, tendo chegado com a mulher, uma rapariga simpática, uns trinta anos mais nova, ouvi-o dizer para ela: “Aqui é que nós passávamos um bom dia com o nosso filho a nadar.” Pois bem, esta manhã, saí para o mercado dos pequenos agricultores quinze minutos depois das oito – hora combinada para início do trabalho e ele sem vir. Na volta, encontro a mulher a aparar os arbustos da entrada juntamente com ele. Digo-lhe que aquele não era o projecto combinado, mas sim limpar em volta da quinta de modo a que o Sr. Correia pudessem trabalhar com o tractor sem danificar as macieiras (ontem o veiculo teve uma pane). Amuou. Nesse entretanto, a rapariga vem falar-me, dizendo que em vez de estar em casa só e gostando de plantas, ia desimpedir-lhes as ervas ruins. Disse-lhe que não gostava de misturar as coisas e apliquei aquele velho ditado: “trabalho é trabalho, conhaque é conhaque”. Todavia, se há alguém a quem devo atribuir esta triste situação, é a mim. Porque sou demasiado comunicativo, tomo toda a gente por igual, sou incapaz de ser grosseiro. O resultado, com certas educações, rapidamente se instala a familiaridade, o tu-cá-tu-lá, misturando tudo: sentimentos, à-vontade, liberdade, aproveitamento. 

         - O dia acordou claro e um vento ligeiro cirandava em torno da casa. Não fazia calor, havia até uma ligeira neblina suspensa no horizonte. Quando desci para o pequeno-almoço, ao abrir a porta, dou com as hortênsias que durante a noite tinham rejuvenescido, catitas e de sorriso aberto. São elas que me amparam os dias, são elas que me iluminam as manhãs, é nelas que repouso o cérebro e enterro os desaires frágeis da existência. 

         - O tema do dia, são os ataques dos neonazis e a construção de uma rede internacional para derrubar pela extrema direita a democracia. Não duvido de uma tal construção que se sente impulsionada por Donald Trump. São violentos, atacam inocentes, não respeitam as leis, tudo fazem para se impor pela força. Contudo, são uma vantagem para uma certa esquerda dando-lhe espaço, visibilidade, discurso e acção de ordem vária. Porque esta é tão violenta como aquela, usa a força das palavras, o poder da argumentação, o ódio, a messiânica missão de impor ideologias, que mais não são que democracias disfarçadas de ditaduras. Portugal, noutros tempos, também conheceu esta mesma arbitrariedade por parte dos grupos extremistas de esquerda. Portanto, muita atenção a uns e outros. O que soubemos que se passou no interior do Bloco de Esquerda no tocante ao desprezo pelas suas funcionárias grávidas e outras que largaram o partido, indica-nos o rumo que facilmente nos leva para o outro lado – o despotismo. 


sexta-feira, junho 20, 2025

Sexta, 20.

Mais uma vez se comprova que Trump é forte com os fracos – imigrantes, estudantes, funcionários públicos – e fraco com Netanyahu e Ali Khamenei. Para aqueles a violência é imediata e sem restrições, para estes precisa de duas semanas para decidir se entra na guerra Israel/Irão, sendo certo que ele já lá está embora disfarçado de justiceiro. A coisa está preta. Netanyahu perde em toda a linha: por não conseguir trazer de volta os reféns na posse do HAMAS, por não alcançar a destruição do material nuclear do Irão. 

         - A madre superiora do BE e o eclesiástico do Livre, juntos com a salvadora dos animalzinhos, além de contestarem o programa do PSD/CDS, insistem que os ministros são os mesmos com particular raiva contra a Ministra da Saúde que, repetem, os portugueses vão sair mais uma vez prejudicados. Acontece que a atitude de Luís Montenegro em não lhes ligar patavina, revelou-se benéfica para o país. Os doentes vão ver as operações adiadas desde o tempo daquele que abancou em Bruxelas e deixou o SNS num pântano, serem feitas com recurso aos privados - medida inteligente que põe de parte as ideologias em favor de quem precisa. Também a fantasia de António Costa no acolhimento indiscriminado de imigrantes, vai a pouco e pouco tomando forma legal e equilibrada. Os brasileiros que inundaram este pobre rectângulo, aqui chegando como turistas e depois instalando-se sine die, vão ser obrigados a visto de residência. Como a lei da greve vai ser revista e muito bem. A lei que vem praticamente do tempo do PREC, favorece apenas os sindicatos e seus associados e constitui um poder que se contrapõe muitas vezes ao poder dado pelos cidadãos em sufrágio. As centrais sindicais são braços activos dos partidos e só têm em conta os seus interesses, estando-se lixando para a multidão de trabalhadores que precisa de ganhar o pão de cada dia, paga o passe social, gasta em UBERs, para que suas excelências possam viver à grande. Um exemplo, os lordes das Infra-Estruturas.  

         - Um dos grandes jornalistas que não perco a sua opinião no Público, é Jorge Almeida Fernandes. Aconselho a leitura do seu artigo hoje no jornal “Cabe a Trump decidir a guerra” que termina assim: “O Espírito Santo não costuma iluminar Trump. Mas poderia desta vez fazer uma excepção.” 

         - Economizo quanto posso para me permitir continuar neste oásis de verdura e silêncio. Desta vez, tive aqui três trabalhadores: um a roçar o mato, outro com o tractor a limpar a quinta e o terceiro (Nilton) a arranjar a piscina. Sem falar no Johnson que quis dar o seu parecer ao brasileiro sobre como trazer a água da piscina para o circuito da bomba - este por gentileza. 


quinta-feira, junho 19, 2025

Quinta, 19.

Longa conversa ao telefone com o Fernando Dacosta que eu conheço dos tempos do jornalismo. A conversa veio por causa do Mr. Johnson a quem eu o apresentei quando ele aventou a hipótese de lhe comprar uma casa pré-fabricada. Já lá vão um par de anos! Nessa altura, fui com ele ver o terreno que estava à venda em avos e logo disse ao Fernando para não se meter nisso. Não me deu ouvidos, ele e mais uns colegas. Resultado: perderam o dinheiro e o espaço onde pensavam erguer a casa de campo. Fernando explica-me este triste fim às gargalhadas intercortadas com “tu é que tinhas razão”. Johnson queria comprar-lhe o terreno decerto aproveitando o impulso dos americanos que por aqui procuram residência. Vamo-nos encontrar na próxima semana, longe da Brasileira para podermos estar a conversar à vontade, sem ter por perto os “de fé nos dogmatismos inspiradores”.  

         - A pobre esquerda nacional, com ou sem razão, sempre que pode cavalga sobre os media alterada, recôndita, ameaçadora, purista. Desta vez, sob o impulso de uns pequenos que por aí andaram a ameaçar e a sovar pessoas caritativas, artistas ou simples cidadãos. Claro que ela tem razão, mas parece-me que a montanha pariu um rato. Uns quantos estão sob custódia da Judiciária, mas o manancial de armas que a esquerda dizia eles possuírem, não corresponde para um assalto programado à Assembleia da República. A verdade é esta: os neonazistas são fruto da extrema esquerda. E deste modo, servem-na com a publicidade que os seus actos aproveitam á sua permanência em jornais e televisões. 

         - Não deixei este espaço. Choveu de manhã e à tarde. O calor imperou digno por todo o lado. Hoje não reguei as hortênsias, mas aproveitei para fazer compota de alperce apanhados logo de manhã. Ufa! 


quarta-feira, junho 18, 2025

Quarta, 18.

O Programa do Governo passou na Assembleia da República apenas com os votos contra dos partidos pequenotes. Que vivem incendiados de lutas, princípios, e todo aquele cacareco ideológico que passam os dias, os meses, os anos a impingiram-nos e assim  preencherem o espaço informativo como forma de erradicar os demais. É tão fácil ser-se de esquerda em Portugal! Só me espanta como os portugueses os põem de parte e não compreendem os seus programas eivados de coisas maravilhosas e fraternas e inclusivas e de igualdade e de futuro onde os sóis reinam na imperiosidade do sua sua luz que a todos abraça. Como é possível que ninguém ligue ao Livre, BE, à senhorita dos cãezinhos, ao PCP que é de todos - apesar de não comungar da sua ditadura do proletariado -, tem outra postura e dignidade. Já agora, se me dão licença, retenho do discurso de José Luís Carneiro este princípio que aqui tantas vezes defendi: Os trabalhadores precisam de ordenados condignos e não de subsídios.

         - É insuportável aquilo que se passa em Gaza onde crianças continuam a morrer sem que alguém as proteja. Elas vão por comida, mas por cima das suas cabeças descem mísseis que as deixam inanimadas no solo no meio dos escombros. Desde que a ONU se ausentou de levar ajuda aos palestinianos e Israel e os EUA tomaram essa tarefa a seu cargo, que a procura pela sobrevivência parece ter-se transformado numa armadilha para a morte. Só ontem morreram mais de 400 pessoas na busca de comida. Ninguém consegue travar o assassino Netanyahu e seus defensores. A começar pela nossa querida União Europeia. 

         - Entretanto, a guerra prossegue entre Israel e Irão que furou com os seus drones e mísseis o balão de defesa que Israel julgava invencível. Os ortodoxos e os que acreditam na justeza do primeiro-ministro, ao verem o seu território em ruínas e morte, começam a interiorizar o sofrimento dos palestinianos ao longo destes dois últimos anos e durante cinquenta anos de prisioneiros no seu próprio país. Não sou apoiante do regime dos ayatollah, mas não tolero aquela do amador Presidente dos EUA “exigir rendição incondicional” a um país soberano. Que, por outro lado, a esta hora já percebeu que Putin roeu a corda da parceria que havia feito com o Irão. Penso que a guerra está para durar e em desespero tendo em conta o que a morte significa para os povos islâmicos, ela se estenderá a outras nações. Israel vai sair muito mal deste conflito. 

         - Ia-me a esquecer. Então não é que o socialista Pedro Sánchez, em vez de correr com o infrator, senhor Santos Cerdán, secretário do PSOE, por haver recebido 620 mil euros em comissões de obras públicas e convocado novas eleições, decidiu pedir desculpa ao povo espanhol e manter-se no cargo. Não é original esta saída socialista! 

         - Ontem andámos, Johnson e eu, por toda a cidade sob tirania da canícula. Apenas descansámos no restaurante panorâmico do C.I. onde eu lhe ofereci o almoço. O resto das horas, passaram-se em voltas na Baixa em busca de lonas para os toldos. No final, no regresso, o meu vizinho e amigo dizia-me no seu português típico: “Você diz que é coxinho, coitadinho, mas sou eu que estou morto de cansaço.” 


terça-feira, junho 17, 2025

Terça, 17.

Os crimes hediondos praticados por Netanyahu ninguém neste mundo parece poder parar. Abriu várias frentes de guerra e a todas corresponde com o ódio e o armamento de que dispõe, inesgotáveis. Ontem e anteontem, reduziu a cincas Teerão, continuou a matança de vários cientistas e responsáveis políticos e ameaça agora matar o chefe supremo o atola Ali Khamenei. A isto responde Trump, descartando-se. E, contudo, é ele que está na origem desta guerra, com o pretexto de eliminar a bomba nuclear que dizem estar nos finais da sua concretização. Se Trump lava dali as mãos, a UE, como é seu hábito, fala, fala, e nada faz. 

         - E todavia, a mim me parece este problema um modo de subjugar os países mais fracos e com menos condições económicas. Porque a questão não está em impedir outras nações de construírem a arma nuclear, está em haver tantos que a possuem. Qual a razão de para uns a arma ser a sua defesa principal, enquanto para outros a sega imposição de não a desenvolverem? A razão é simplesmente poder, humilhação, submissão. Eu compreenderia se todos destruíssem o armamento atómico que possuem, mas no caso actual, tal como as coisas se encontram, não pode haver mísseis nucleares bons e outros ruins. Objectar-me-ão com o tipo de regime ditatorial, onde um só homem ou clique, decide da vida e da morte do povo em contraponto com as democracias. A resposta é só uma: os EUA são uma democracia, eram-no durante a Segunda Grande Guerra, e são os únicos que até hoje utilizou aquele engenho de horror e morte. Em que ficamos, caros leitores?

         - Escrevo estas linhas enquanto aguardo pelo Dear Johnson que me levará no seu carro a Lisboa. Ele tal como eu, queremos montar toldos nas nossas casas e vamos por isso à Pollux ver o que encontramos. Porque o calor aqui não pára de aumentar. Ainda por cima, não consigo avançar com o arranjo da piscina, bloqueado por não haver quem venha ver o que aconteceu à bomba. Ontem estava-se melhor em Lisboa. Passei um espaço da manhã na Brasileira, naquele ram-ram de conversa que enche o tempo e não me enche o coração. Almocei na Fnac e de seguida instalei-me no café decidido a chamar a Ana Boavida; embora ela tenha acedido ao chamamento, as minhas energias estavam por terra e daí a um tempo levantei amarras de regresso a casa. 

Um dos meus trabalhos de sábado, esta tarte de cordonizes. 



segunda-feira, junho 16, 2025

Segunda, 16.

Ontem, como na véspera tinha trabalhado que nem um negro, dei-me ao luxo de nada fazer. Então, tomei o fertagus sem passageiros, almocei no C.I. e depois fui ao cinema como se fazia noutros tempos quando a vida era reduzida de horizontes, mas nem por isso monótona. O que apreciei não foi o filme que, não sendo destituído, não era obra prima. Falo de A Prisioneira de Bordéus. Em cena Isabelle Huppert e Hafsia Herzi ambas óptimas atrizes e no enredo iguais na imoralidade de vida, apesar de opostas nas origens sociais. 

         - A América é hoje um país à revelia da sua moralidade ingénua. Com Trump, em tão pouco tempo, está irrreconhecida. Abateram-se os pilares democráticos, morais, sociais e campeia por todo o lado a desordem, a violência, o salve-se quem puder. Nestes dias, um casal de democratas foi assassinados e um autarca sofreu o mesmo destino, milhares de imigrantes obrigados com violência a deixar o país, a polícia está nas ruas, os militares por todo o lado. Donald Trump é o senhor absoluto, o soberano a quem todos os norte-americanos se vergam. Deram-lhe uma vitória impressionante, agora sentem-se traídos. 

         - Uma amiga telefonou dizendo-me que sou citado no Diário de Vergílio Ferreira em reedição (penso) pela Quetzal. Estou safo. Alcancei a imortalidade.  

         - Também por aqui ela me bate à porta. Volta que não volta, aparece alguém, empresa ou empresário, a propor-me uma quantia para exibir na página de abertura um qualquer produto. Recuso e bloqueio o número. 


sábado, junho 14, 2025

Sábado, 14.

Ontem excelente almoço na companhia do Carlos Neto. Antes, tendo atravessado a cidade da Brasileira à Fnac, desta ao C.I. o movimento era quase nenhum. No Chiado permaneci um tempo no ripanço de quem se sente livre e só disposto a gozar o momento sem o embaraço dos turistas e de tutti quanti. O meu amigo é uma espécie de James Bond. Tudo o atrai embora seja na pintura que eu lhe reconheço mérito. À mesa a comédia abancou e os momentos de galhofa foram mais que muitos. Não tive tempo de lhe cortar o braço quando ele, estendendo o pulso onde tinha o relógio cheio de magia, o apontou ao aparelho Multibanco para liquidar o repasto. Ele adora estas fantasias e tudo quanto é tecnologias o apaixona. Não sei se terá conhecimentos bastantes, sei que a sua curiosidade quase infantil por gadgets tecnológicos é mais forte que ele. Bref, viva o amigo!

         - A guerra está iniciada entre Israel e Irão. Nos últimos dois dias, a 2 mil quilómetros de distância um do outro, pelo espaço que os separa, centenas de mísseis e drones levam a destruição e a morte. Os EUA apoiam Netanyahu, mas, como sempre, adoram a guerra longe das suas fronteiras - só colhem dela os benefícios do lucro.  

         - Aquelas pobres criaturas do BE, refasteladas nos bons salários que a democracia lhes oferece mensalmente enquanto deputadas uma em Bruxelas, outra na Assembleia Nacional, vão magicando formas de impor as suas ideologias coxas e facciosas. Que odor a bedum, santo Deus! O pior é que encontram jornalistas que as apoiam e divulgam os seus estratagemas de poder e autocracia. A ex-actriz é a co-presidente da nova Aliança de Esquerda Europeia. Mas quem é que acredita nestas almas! 

Ante a beleza das hortênsias em flor, como posso eu abalar deste paraíso? 




quinta-feira, junho 12, 2025

Quinta, 12.

No atropelo das notícias de ontem, onde não havia uma definição clara do que tinha acontecido em Lisboa, sendo este exercício um diário e, por isso tocado pelo impulso, tornou-se hoje claro que se tratou de dois lamentáveis acontecimentos de idêntica gravidade e testemunho do desinteresse pela vida humana. O primeiro na forma covarde de agressão a actores, ou seja, de ataque à cultura e à arte; no segundo uma escaramuça entre adeptos do Sporting e FC Porto. Este segundo caso reveste-se de especial gravidade porque houve a vontade  nítida de atentar contra as vidas dos jovens que se encontram no interior do carro. Quando os energúmenos do Sporting atiram para dentro da viatura onde estavam quatro rapazes um engenho incendiário, havia a clara intenção de acabar com os seus adversários. O automóvel ardeu e, felizmente, nas imagens de TV vemos os rapazes a fugirem minutos antes do fogo reduzir a cinzas o  carro. Uma vítima  foi transportada em estado grave  para o hospital. 

         - Grandes Estados da América estão em pé de guerra devido a confrontos com a polícia enviada por Donald Trump para correr com os imigrantes. Cenas dramáticas, porque o senhor todo poderoso, usando da força sem discriminação, varre a eito todos os que não são nativos do país ou que tendo nascido de imigrantes, sejam ao abrigo da Constituição tão americanos como ele.  

         - Mais uma vez tivemos de gramar as opiniões do ex-MRPP que, embora com o sorrisinho apatetado mais sombrio talvez devido à idade, nos impingiu um discurso que é aquilo e o seu contrário, no dia em que Portugal comemora a entrada na hoje União Europeia. Isto é uma obsessão dos meios de comunicação, para quem o senhor que foi Presidente da União Europeia e saiu enxovalhado directamente para o banco americano Goldman Sachs, pretende ter ideias originais e vincar a importância de uma organização que com ele esteve no auge da corrupção. Diz sua excelência “a União Europeia contribuiu para o desenvolvimento de Portugal durante estes anos. O nosso País está hoje em muitos aspetos irreconhecível para melhor quando comparado com a situação anterior a 1985/86, data da assinatura do Tratado e da efetiva adesão.” Pergunto quantos portugueses com o mínimo de juízo subscreverão este raciocínio. Mas o sabichão diz mais: “Conseguiu-se um acelerar da convergência económica com os países mais desenvolvidos, (mas!!!) ainda que neste aspeto devamos realçar que há problemas que persistem, nomeadamente no domínio da competitividade da nossa economia, problemas esses que dependem não tanto da União Europeia, mas sobretudo da capacidade nacional para lhes fazer face.” O homem sempre foi mestre a dar uma no cravo, outra na ferradura. A mim nunca me iludiu, conheço o género de ginjeira.

         - Os camaradas dos transportes púbicos, são fanáticos por greves às sextas e segundas-feiras e nos dias em que os cidadãos mais precisam do Metro e da Carris. Hoje é dia grande para muitos lisboetas e arredores, sendo as festas santantoninhas a marca da capital. Pois bem, os autocarros não andaram todo o dia e o metro fecha às oito da noite. Toma, Zé povinho e embrulha.  Bem diz o outro que Portugal está mais desenvolvido. 

         - Fui à natação. Talvez por isso, as dores lombares quase desapareceram. Contrário à toma de medicamentos, vou optando por fazer frente aos problemas introduzindo o esforço do exercício físico. 


quarta-feira, junho 11, 2025

Quarta, 11.

Os políticos que nos saíram na Farinha Amparo, são férteis em palavreado, em discursos ocos, feitos para serem escutados pelos seus iguais, longe da sua correspondência em acções de interesse público. Que o diga o salmo embalador do Presidente da República ontem no Algarve. Um homem que poderia ter deixado uma marca indelével à sua passagem por Belém, sai como um qualquer trolaró, vendedor de sonhos e quimeras, arrastado pela obsessão da popularidade e da demagogia. Salvou o 10 de Junho a escritora Lídia Jorge, que introduziu um esquema mental interessante e trouxe-nos de volta a justeza do pensamento, da História e do nosso futuro enquanto povo.  

         - Às vezes dou comigo a pensar na pobreza que a democracia não conseguiu erradicar, e serve os interesses das fervorosas ideologias ou simplesmente dos sequiosos do poder. Porque a pobreza está associada à iliteracia, ao desinteresse pela coisa pública, ao bajulamento, ao arrebate dos piões de arrasto sempre úteis aos ditadores e prepotentes. A pobreza é submissa, corre atrás da côdea, segue quem a socorre, não possuiu espírito crítico, é facilmente manobrada, está entregue ao subsídio, encosta-se ao ripanço, conformada com a sua sorte. Mesmo em democracia, enche as bocas dos políticos de boas intenções, faz boa figura, propaga objetivos, propaganda, elege os oportunistas, é tema de todas as campanhas. Sem ela o que seria a esquerda e a direita, definhadas dos valores que reivindicam como seus. Quase me apeteceria dizer que sem a pobreza institucionalizada, a maior parte dos partidos com os seus arautos, estava reduzia a coisa nenhuma. É ela que mantém Portugal no subdesenvolvimento, passivo ou premeditado, do poder que nasceu com o 25 de Abril de 1974. De contrário, como explicar os dois milhões e meio de pobres, os milhões de portugueses a viver no limite das suas necessidades, o quase analfabetismo, a incentivação da primazia do futebol, como coisa que distrai, aliena, não puxa pela inteligência, adormece os pobres numa doce satisfação que sobrevoa a apatia. Não me digam que vamos ter de esperar por mais 50 anos para que o país ascenda à dignidade, ao trabalho que compensa, à saúde que prolonga a vida, à instrução que não se limita às análises trabalhadas do INE e se contenta com saber escrever e ler... 

         - Com  chegada de Trump ao poder, houve como que um apelo aos extremismos de toda a ordem. O mundo aparenta ter sido voltado do avesso e somam-se os casos todos os dias. A juventude parece perdida, abandonada à sua sorte, e nada a satisfaz neste mundo onde tudo abunda em quantidade. Não nos bastavam os tiranos que invadem países independentes, ou os de extrema direita que querem chacinar os povos vizinhos, Putin e Netanyahu, chegaram agora os assassinatos em massa levados a cabo por adolescentes. Como os de ontem em Graz, Áustria, onde um jovem de 21 anos, entrou na sua antiga escola secundária e disparou contra dez pessoas antes de se fechar numa casa de banho para se suicidar. Qual a motivação de um tal horror, ninguém sabe. Num instante, morreram dez inocentes e não há resposta que dê motivo ao descontrolo. O mesmo ocorreu anteontem em França. Um adolescente de 14 anos, matou a facadas uma assistente educacional da escola que frequentava. Porquê é a pergunta que se houve por todo o lado. Porquê?

         - Que também se pode pôr entre nós. O teatro A Barraca estava prestes a começar a sessão de ontem, quando um grupo de boçais do futebol, que a imprensa diz serem neo-nazis, uns do Sporting, outros do Porto, atacou os actores tendo um deles ido parar ao hospital. Dizem pertencer à extrema direita e até pode ser, embora a mim o que me revolta é o ataque a pessoas desarmadas ao ponto de ferirem os pobres profissionais do teatro e de incendiarem uma viatura. 


terça-feira, junho 10, 2025

Terça, 10.

Neste dia consagrado a Camões e à raça nacional, apetece-me perguntar em que país vivemos. Outro dia o João já fragilizado nas suas convicções, atirava-me que eu estou sempre do contra. E como posso eu estar de acordo, quando em letras gordas nos jornais se abre o país que somos, com o seu emaranhado de vidas, tudo para um lado, pouco ou nada para o outro. O Público diz que só a senhorita Maria João Carioca, tem a receber da CGD, 200 mil euros de prémios de quando foi aí gestora. Mas diz mais: que entre esta classe de privilegiados, há sete outros gestores bancários nas mesmas condições, ascendendo a um total de 1,3 milhões. Os contentinhos, entre outros, claro, são Luísa Soares da Silva, Francisco Barbeira, Pedro Barreto. Se nomeio os seus nomes, é para convidar os pobres com salários de merda e os aposentados com reformas de pobreza, a irem bater-lhes à porta dos seus palácios hollywoodescos. Nunca Portugal foi tão criminalmente díspar, como em a democracia.  É um triste paradoxo. 

         - Já agora, posso?, citarei o cronista (que a esquerda detesta, mas que eu não estando sempre de acordo com ele, acho-o bem documentado e livre de expor aquilo em que acredita) falo de João Miguel Tavares. “O crescimento do Estado e do Estado Social conduziu-nos a esta situação: por cada 100 euros do Orçamento do Estado, 24 euros vão para pagar salários e 40 para pagar prestações sociais. Isso significa que dois terços daquilo que o Estado recebe anualmente já estão alocados à partida. Quando em cima disso se coloca o dinheiro necessário para o regular funcionamento de escolas, hospitais, tribunais, exército ou polícias, depressa se conclui que o Orçamento “livre”, à disposição de um governo, é pouquíssimo e que o poder executivo está imensamente limitado na sua acção.” É por isso, acrescento eu, casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. 

         - Espero sentado pelas reformas que Luís Montenegro quer implementar. Apreciei até agora a sua forma de fazer política completamente contrária ao seu antecessor, com poucas palavras e trabalho aturado. Mas, pessoalmente, desconfio dos políticos portugueses habituados a governar mais do lado da passividade, do deixa correr, e contra as lutas genuínas que é imperioso levar a cabo. Quero-me enganar. 

         - Ontem o meu dia – e já agora o do Nilton – só terminou pelas 21,30. Estivemos de volta da bomba de água que fazia que queria trabalhar e logo desistia. Recomeçámos esta tarde para grande decepção dos dois e outra forma não vai haver (parece) que substitui-la. 


segunda-feira, junho 09, 2025

Segunda, 9.

Guerra. Não se fala de outra coisa por toda a Europa, enquanto nós, divertimo-nos à farta com futebol, gozamos os prazeres do Sol, entretemo-nos com a simplicidade de vida. A Alemanha está a levar a hipótese de um conflito mundial muito a sério. Vai daí, decretou a urgência de restaurar uma parte dos 2000 bunkers do tempo da Guerra Fria e construir rapidamente mais espaço para um milhão de pessoas. A Finlândia, mais exposta, dispõe de 50.000 espaços de protecção capazes de albergar 4,8 milhões de concidadãos. E nós como estamos? Quem pensa nisso? Na campanha para as legislativas, não escutei de um único político uma palavra que fosse. 

         - O candidato presidencial ao mais alto cargo na Colômbia, Miguel Uribe Turbay, foi atingido a tiro durante um comício e está em estado crítico. O autor é um jovem de 15 anos! Como explicar uma coisa destas? A França também tem tido atentados perpetrados por jovens desta idade, assim como a Inglaterra. A arma mais comum é a faca, o que torna o acto mais horroroso. 

         - Luís Montenegro pôs de parte a Cultura ao juntar num só ministério Cultura, Juventude e Desporto. Esta opção é de quem não percebe os alicerces de um povo, de uma nação e o imperativo objectivo da liberdade e conhecimento enquanto raiz indispensável à unidade do todo. 

         - Sob calor abrasador, dei assistência ao Nilton durante a manhã e tarde. O homem, talvez porque é de pele escura e muito peludo, parece não ser afectado pelo calor. Desmontou sábado todo o sistema de ligação dos skimers entre si e hoje montou a nova tubagem impermeabilizando os fundos das duas caixas. Estou curioso em saber como isto vai terminar, porque o Nilton não sendo técnico de piscinas, possui o condão da inteligência e, sobretudo, da reflexão atenta antes de iniciar qualquer tarefa. Neste particular, é um artista. 

         - Tarde magnífica a de ontem diante da televisão a ver uma emissão (ARTE) dedicada à mezzo-soprano Grace Bumbry. São suas as mais extraordinárias interpretações de Carmen de Bizet. É fascinante recordá-la nas muitas versões que o tempo consagrou à encarnação de uma personagem para quem a liberdade estava a cima dos conceitos, das convenções e dos preconceitos. Georges Bizet segue-nos ainda hoje muito à frente. 


sábado, junho 07, 2025

Sábado, 7.

É caso para se dizer tão amigos que nós éramos... Refiro-me a Donald Trump e ao multimilionário Elon Musk. De repente, o grande obreiro da Indústria, homem mais rico do mundo, depois de ter sido afastado da Casa Branca por discordar da proposta orçamental do Governo, tratou o Presidente de ingrato e aproveitador dos seus dinheiros para alcançar a presidência, indo ao ponto de o associar ao abuso sexual de crianças exalados nos famosos ficheiros Jeffrey Epstein. A resposta não tardou. O Presidente apressou-se a dizer que poderá cancelar contratos às firmas de Musk. Aliás o bilionário, escreveu no seu X de uma forma sucinta: "Hora de jogar a bomba realmente grande: Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não se tornaram públicos. Tenha um ótimo dia, DJT!." Dois egocêntricos não há memória serem compatíveis. A acompanhar com interesse os capítulos que se seguem. 

         - “As pessoas do Ocidente não fazem ideia da crueldade, da opressão, da escuridão, da agressão e da brutalidade da ocupação israelita. Estou a falar do antes do 7 de Outubro. Já dura há décadas e piora todos os anos. É inacreditável. É a pior situação em todo o mundo – há muitas situações más no mundo, de Myanmar (na Brimânia) ao Sudão, mas esta está a acontecer com o apoio e a cumplicidade do mundo “civilizado” e “democrático”. E as mentiras, a hipocrisia e a incapacidade de dizer a verdade ou e informar sobre o que se está a passar.” Gabor Maté em entrevista a Pedro Rios quando do lançamento do seu livro No Reino dos Fantasmas Famintos

         - Andou todo o dia o Niton a refazer o trabalho que uma empresa dita especialista daqui fez mal feito há anos. Calor insuportável que me obrigou a assisti-lo, com correrias aqui e acolá em procura do necessário à reparação da piscina. Outra dose virá segunda-feira. 


sexta-feira, junho 06, 2025

Sexta, 6. 

Os muitos desastres de António Costa vão ser difíceis de eliminar. E não só. Dão também lugar à desumanização e aproveitamento de muitos outros como, neste caso, a igreja evangélica que procura o lucro servindo-se dos infelizes imigrantes. Em Loures, em condições insalubres, com duas casas de banho e duas cozinhas, foram encontradas mais de sessenta pessoas maioritariamente imigrantes, mas também portugueses. Pagam entre 270 a 370 euros e o lucro mensal da organização dita religiosa é avultado - rondará aos 12 mil euros/mês.

         - A viúva do BE já de si coberta de escuro da cabeça aos pés, anda negra com o partido que dirige. Para cima de 100 camaradas deixaram o rachado que dizem ser “castrador e sem democracia”. Mas dizem mais os militantes de Santarém quanto à estratégia política pós-geringonça, acusam a direcção de afastar críticos e adoptar práticas que “envergonhariam muitos patrões”. Estas fulanas a mim nunca me enganaram, conheço-as de ginjeira.  

         - Marcelo deu posse ao novo Governo. Que cheiro horroroso a bafio, a terceiro mundo, a patetice! Como podemos nós confiar em gente tão convencida, que se trata por sua excelência, senhor doutor, e outros salamaleques dignos dos governantes africanos encomendados na candonga. Na cerimónia, perpassava um odor fétido a salazarismo. E no entanto, são estes “doutores” que falam assim:: “o que é que é isto?”, “de há trinta anos a esta parte”, “esta situação é impactante”, “estamos no Porto, aqui”, etc. etc. etc. etc.. No meio daquele lupanar, o único que se distinguia pela simplicidade e desinteresse pelo cargo - de resto, sempre se marimbou e esteve nas tintas para a pompa e circunstância -, foi Marcelo Rebelo de Sousa. Honra lhe seja feita. 

         - Ao ouvir o plano de trabalho de Luís Montenegro, o que me ocorre desejar é que consiga levar a bom porto o que promete. Há cinquenta anos que o poder se tem dividido entre esquerda e direita e ambas as facções nada fizeram que tivesse revitalizado a economia, desse dignidade aos portugueses, construísse um futuro sólido para todos. Sempre os nossos políticos gostaram das remessas de dinheiro que vêm de Bruxelas e com elas vendem todas as ideologias, fazem todas as promessas, conquistam o poder que exercem em seu proveito próprio. Estamos praticamente como há quarenta anos, fruto da alternância PSD/PS com maior incidência deste último. Criámos um povo de subsídios, nacionais e estrangeiros, temos salários baixos, inflação galopante que os míseros aumentos logo desaparecem engolidos pela ganância, pagamos impostos de país rico, somos esta indecência de povo que a esquerda mesquinha e medíocre nunca conseguiu alterar porque também ela é uma maçaroca de ambições, construções ideológicas sem base sólidas, com o mesmo discurso que eu escutava no tempo de Marcello Caetano pelos jornais onde trabalhei, quando ser de esquerda era um chique como ser católico progressista. Estamos na cauda da Europa, como estivemos no tempo de Cavaco Silva e fomos há muito ultrapassados por países da Cortina de Ferro que souberam melhor do que nós construir uma economia ao serviço de todos. Pobretões e alegretes como nos ensinou António de Oliveira Salazar. 


quarta-feira, junho 04, 2025

Quarta, 4.

Estou sem ter em quem votar para a Presidência da República. Até agora só nos saem militares, comentadores televisivos, gente que construiu fama a palrar. O único decente, é António José Seguro embora tenha caído também na tentação de politólogo. A propósito, como eu aqui havia previsto, sendo o vencimento de deputado tão sedutor (eles acham que são mal pagos, imagine-se!), o nosso esquerdista do PS e ex-secretário-geral, arrumada a vidinha e não encontrando nela nem nos negócios dos sapatos compensação monetária digna, apresentou-se ontem no Parlamento para se sentar junto do seu grupo parlamentar. Morde aqui a ver se eu deixo. O homem só começou a ser gente, desde que com José Sócrates no poder, entrou para a política. O relatório fala por si. A primeira declaração de rendimentos, só entrou em 2005 quando chegou a deputado. O então jovem parlamentar registou na primeira declaração a 20 de maio desse ano, rendimentos de apenas 3.109 euros anuais. A partir daí foi sempre a subir: em 2008, apenas como deputado, nos quatro anos seguintes, já apresentou mais de 50.000 euros anuais. De seguida, como ministro e outros cargos públicos, a fortuna pessoal escalou  e permitiu-lhe uma vida descontraída de bons carros desportivos, casas, e a arrogância socialista que se lhe reconhece. Mais recentemente, quando promovido a ministro das Infra-Estruturas, o rendimento anual subiu para 90.850,60 euros (isto porque se demitiu do cargo). É por estas e muitas outras, que ser de esquerda é um doce longe do estômago dos dois milhões e meio de pobres e da vida estreita e miserável da maioria dos portugueses.  

         - Sexta-feira passada, tive uma violenta discussão com o João Corregedor que prometo a mim mesmo ser a última. Foi a propósito do “engenheiro” Sócrates que ele diz ser inocente de todas as acusações de corrupção e do resto. Nem a propósito, saltou para a ribalta a “Operação Marquês” que o tem a chafurdar na corrupção pura e dura. Apareceu o meu amigo, entusiasmado com a entrevista que o fulano deu não sei a que órgão de informação. Que ele é inteligente, conhecedor, comparou, imagine-se, o rendimento médio dos americanos com o dos europeus e aquele é 27% mais elevado e outras meninices do género. Disse que a casa de Paris, perto da da minha amiga Françoise, fora emprestada por um primo e a vida airada do engenheiro de canudo tirado ao domingo, era feita modicamente pelos pequenos bistrôs de Saint-Germain-des-Prés. Evidentemente, com a reforma de deputado, não sendo má, não dá para uma tal vida que incluiu aprendizagem de piano e francês por mais de um ano. O que João não quis saber quando precisa que o Sócrates nunca foi prenunciado, é dos inúmeros e estratégicos recursos que foram adiando o processo e, daí, prescrevendo uma boa parte dos crimes.  


terça-feira, junho 03, 2025

Terça, 3.

Futebol. Esta praga só tem paralelo com os telemóveis. Um clube francês ganhou não sei que campeonato e logo os tristes franceses inundaram os Champs-Elysées e as principais artérias por todo o país. O seu poder é imenso e pode-se dizer que constitui um estado dentro do Estado. Para conter a maldição, foram mobilizados quarenta e tal mil polícias e mesmo assim houve duas mortes, lojas pilhadas, afrontamentos com a autoridade, prisões, material público destruído, vários agentes feridos, um em estado grave. Tudo isto é o futebol. E mais a imposição com ruas fechadas, estabelecimentos, restaurantes, alterando o quotidiano da população que não embarca naquela loucura e vê-se privada dos seus direitos, da sua vida normal, em favor de uma actividade que é rainha de tudo e de todos. Para não falar nos energúmenos de ambos os lados, que se exibem como reis absolutos deste mundo cada vez mais desigual.  

         - No intervalo do trabalho de limpeza do terreno que o Sr. António deve hoje concluir, fui à natação. As dores das costas diria que desapareceram, sinto-me renascer das cinzas da mortificação. Provera a Deus que consiga arranjar a piscina de modo a que possa nadar como tenho feito ao longo de toda a vida e foi factor de haver chegado até aqui sem problemas de saúde. Graças ao meu querido amigo Mário Frota que desde muito jovens me incutiu esta actividade desportiva. E à Alzira que me tirou o medo de perder pé quando me incentivou na piscina de Penha de França. 

         - O desplante. Sábado fui ao mercado do Livramento, em Setúbal. Os figos do Algarve estavam a... 22,90/kg! 

         - O desespero é quase sempre irmão da violência e às vezes da criatividade. Que o diga o engenho fabuloso de técnica, inteligência e arrojo aplicado pelos ucranianos na guerra contra os russos. O Exército da Ucrânia vergou meio mundo com o programa de ataque com drones que destruiu pelo menos 40 aviões russos. Ainda por cima os alvos estavam a mais de 4.000 km da Ucrânia e os drones construídos com muito pouco dinheiro. Depois de os transportarem durante um ano em caminhões através do território russo, sem serem interceptados, escondidos em telhados do tipo galpões, fizeram o prodígio bélico que espanta meio mundo e deixa Putin de boca aberta. Uma vez removidos à distância, isto é, de qualquer ponto da Ucrânia, os drones voaram praticando com eficácia a sua missão. Zelensky e os seus militares estão de parabéns. Enfrentar o exército pessoal do ditador, é dar esperança à criatividade e à destreza de um povo a sofrer uma guerra injusta há três anos começada por um monstro. E lembrar-me eu que os nossos comunistas, dos poucos que ainda existem na Europa, apoiaram desde o primeiro dia a invasão a um território soberano.  


domingo, junho 01, 2025

Domingo, 1 de junho.

Ontem, torpor absoluto. Deve ter sido devido à canícula que aqui se abateu e não me despegou da chaise longue todo o santo dia, mergulhado num sono quase ininterrupto, absoluta renúncia a fazer o que quer que fosse. Deitei-me com as galinhas e dormi, dormi que parecia ter feito essa opção para o resto dos meus dias. É certo que me desgosta a impossibilidade de trabalhar lá fora devido às dores lombares que não me largam. Ainda assim, sendo eu um lutador que nunca se rendeu, fraquejei a um ponto que me entristeceu. Daí que hoje tenha decidido levar a preceito o que me disse o Tó há tempos e empreendi a toma da medicação como ele me indicou. Porque, conheço-me, não ignoro quanto detesto medicamentos e tenho o hábito de adaptar a sua toma como melhor me parece. 

         - Nem leituras tenho feito e nessa letargia abri o livro de  Jean d´Ormesson onde sublinhei este parágrafo quando o li. “Après leur long triomphe, les dinossaures dispaissent d´un coup, il y a soixante-cinq millions d´années, dans une catástrofe cosmique due sans doute à la chute sur notre planète d´un asteroide meurtrier qui élimine les trois quarts de la vie sur notre Terre.” Cruzes! O autor, grande amante da Ciência, ocupou uma parte da sua vida a pensar a nossa existência. Muitos dos seus livros sendo époustouflant, não deixam de ser de uma precisão que nos encanta e eleva. 

         - O nosso militar parece compreender a utilidade da teia enquanto factor aglutinador. A surpresa de ter escolhido para seu director de campanha Rui Rio, é disso prova. Este, mais uma vez, esteve igual a si próprio ou antes esperou para espetar a farpa no momento oportuno. Que trapalhada vai por aí, desde que o “nosso povo” correu com os do costume!