Sábado, 25.
Pedro Nuno Santos (por uma vez o seu nome) está metido numa alhada. Os galifões do seu partido saltaram-lhe em cima porque o homem admitiu, enfim, duas ou três verdades. No seu testemunho ao Expresso desta semana, expressou uns quantos pareceres do senso-comum, sobre o programa e acção do seu antecessor a brilhar anafado em Bruxelas, relativamente à imigração. Logo as facções (de Costa) vieram a terreiro encostá-lo à direita e à extrema-direita de André Ventura. E no entanto, afirmar que “quem procura Portugal para viver, tem de perceber que há uma cultura que dever ser respeitada”, ou não compreender que António Costa não ajudou ninguém antes prejudicou o país e os que nos solicitam asilo, com a lei “Manifestação de Interesse”, é completamente do foro ideológico aberrante. Eu sei, todos sabemos, que o homem não é querido no cargo de Secretário-Geral do PS, que os antagonismos pessoais e partidários estão em constante luta de interesses, mas por uma vez reconhecer que falou claro e bem, é próprio do pensar digno e independente.
- A gente, à medida que as pontas do véu se vão levantando, vemos a razão pela qual tantos se curvam sobre o tacho do poder. Veja-se o caso do deslumbrado deputado do Chega, senhor Miguel Arruda (mas também de outros é bom saber), na sequência da sua paixão pela colecção de malas dos viajantes, posto na rua pelo chefe Ventura, recusou sair do partido e ainda por cima ficou na Assembleia Nacional como deputado independente. Pudera! Quem é que podendo larga um tacho daqueles! Mais: o gatuno, vai passar a ter um gabinete só para si e mais cerca de 5.800 euros para gerir a sua nova situação!!! O crime em Portugal compensa largamente.
- Já agora, uma reflexão sobre as mordomias destas solenidades. Em França, nesta altura, decorre uma chamada de atenção aos gastos dos antigos chefes de Estado. Que são dois: o vulgar e corrupto Sarkosy e o pobre coitado do François Holland. Cada um dispõe de um gabinete, carro com chauffer, secretária e julgo que segurança. Pois bem, estas prendas custam aos contribuintes, para cima de um milhão de euros sem contar com os respectivos vencimentos que, recorde-se, assim que chegou ao poder o pequenote Sarko achando pouco elevou.
Por cá passa-se rigorosamente o mesmo. Também temos dois ex-Presidentes vivos: Ramalho Eanes e o sinistro Cavaco Silva e em breve o trolaró Marcelo. Suponho que as regalias são as mesmas, isto numa democracia, num país com 2 milhões e meio de pobres, com a velhice pelas ruas da amargura, um país iletrado, dificuldades por todo o lado e suas excelências abonadas de protecção. Então não é verdade que em democracia os cargos públicos são passageiros? E por que raio têm aqueles que os exerceram de serem para o resto da vida agraciados?
- Esteve cá hoje o Nilton. Ontem, ao telefone, disse-lhe que tinha de adquirir uma máquina de lavar roupa porque a velha senhora que ele há dois meses deu vida, expirou. Logo ele: “Não tem, não.” Apresentou-se então e a senhora ressuscitou evitando-me um gasto considerável com uma nova.
- A propósito de senhoras. O Black não aparece há dois dias. Sem pedir autorização foi ao engate de galdérias que o chamam do fundo da quinta. As matulonas andam cheias de cio e o rapaz, forte e de pêlo sedoso, bem alimentado e feliz, faz jus da sua masculinidade altaneira.